Folha de S. Paulo
Jair e Eduardo têm, juntos, mais de dez
representações que nunca deram em nada
A oposição anunciou o
envio ao Conselho de Ética da Câmara de representações contra mais uma
quebra de decoro cometida por um integrante da família Bolsonaro.
Trata-se da publicação do deputado Eduardo
Bolsonaro (PL-SP) ironizando
a tortura sofrida pela jornalista Míriam Leitão durante a ditadura
militar.
Qual a chance de isso dar em alguma coisa?
Não precisa ir até o final do texto. É zero.
Jair Bolsonaro e seu filho Eduardo são
antigos clientes do Conselho de Ética. Juntando as novas representações, são
mais de dez, um recorde. Só encontram concorrência, vejam só, no bolsonarista
Daniel Silveira (PTB-RJ), com nove.
Os Bolsonaros frequentaram o conselho por considerações sobre estupro mediante merecimento, defesa de torturador, troca de cusparadas, agressões, defesa da volta do AI-5, entre outros casos.
Nunca o órgão aplicou sequer uma
advertência verbal. O que ajuda a explicar a ascensão de Bolsonaro, do
bolsonarismo e do modo bolsonarista de ser.
O Conselho é dominado pelo centrão de Arthur
Lira (PP-AL). Em 2022 não houve uma única representação analisada.
Lira segura em sua gaveta, sem enviar ao
órgão, representações contra deputados como Josimar Maranhaozinho (PL-MA),
suspeito de desvio de emendas parlamentares, flagrado
em vídeo manuseando notas de dinheiro e alvo
de três operações da Polícia Federal.
Antes de ir para o Conselho, as
representações passam antes pela Mesa da Câmara. Caso as de Eduardo cheguem
mesmo algum dia lá, o caso será analisado ainda por um
colegiado de largo histórico corporativista, com 21 integrantes, sendo
apenas 6 da oposição. A legislatura termina em janeiro.
No mundo ideal, esse texto deveria ser
corrigido no fim do ano: diferentemente do escrito na versão original, Eduardo
Bolsonaro sofreu punição inédita da Câmara, dessa vez por ter zombado e, por
consequência, legitimado tortura praticada pela ditadura militar contra uma
mulher grávida.
Nenhum comentário:
Postar um comentário