Petistas insistem em lançar candidato
próprio ao Senado
Por Cibelle Bouças /Valor Econômico
Belo Horizonte - A falta de consenso com o
PT para candidato ao Senado por Minas Gerais tem levado o PSD a avaliar uma
mudança da esquerda para o centro. Não por acaso, o pré-candidato à Presidência
pelo PDT, Ciro Gomes, tem se aproximado mais do presidente do Senado, Rodrigo
Pacheco (PSD-MG). Se PT e PSD não chegarem a um acordo nos próximos dias, o
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ficará fora do palanque do
ex-prefeito e candidato ao governo do Estado Alexandre Kalil (PSD).
O partido de Gilberto Kassab já decidiu competir com chapa pura em Minas Gerais, tendo Kalil concorrendo ao governo estadual, o deputado Agostinho Patrus, como vice, e o senador Alexandre Silveira buscando a reeleição. O PT impôs como condição para Lula apoiar Kalil a candidatura do deputado Reginaldo Lopes ao Senado.
Nesta semana, o PSD começou a divulgar
propaganda apresentando o histórico político de Alexandre Silveira e sua
atuação no Senado. “Alexandre Silveira é nosso candidato à reeleição no Senado.
Isso já está fechado”, disse o secretário-geral do PSD de Minas, deputado
Cássio Soares. De acordo com Soares, o PSD ainda considera “muito possível”
obter o apoio do PT: “O Lula precisa do Kalil e o Kalil precisa do Lula. Não
creio que uma candidatura ao Senado vá atrapalhar essa relação. Creio que isso
vá se resolver nos próximos dias.”
Soares também disse que o PSD não vai
admitir duas candidaturas no mesmo campo político, caso o PT decida apoiar
informalmente Kalil ao governo e lançar Reginaldo Lopes ao Senado.
Na visão do deputado do PSD, as duas
candidaturas dividiriam os eleitores e facilitaria a vitória dos adversários.
“Hoje é muito importante para o PSD mineiro a reeleição do Alexandre Silveira.
Ele é presidente do partido em Minas e secretário-geral do PSD nacional. Seria
um bom gesto o Lula compreender que isso é maior do que qualquer pretensão de
um deputado do PT almejando vaga no Senado”, disse Soares.
O deputado estadual Cristiano Silveira,
presidente do PT em Minas Gerais, disse que há uma divergência sobre a aliança
com o PT nas falas de Kalil e do presidente do PSD, Gilberto Kassab. “O PSD
precisa definir se quer o apoio de Lula e do PT ou não. Ainda estamos dispostos
a dialogar sobre um apoio mútuo Kalil e Lula. Mas, se não quiserem, iremos
construir o nosso caminho”, afirmou o petista.
Silveira acrescentou que Reginaldo Lopes é
o candidato de Lula em Minas para o Senado. Em relação ao candidato a senador
do PSD, Silveira disse que o PT não tem veto ao nome dele, mas o partido não
abrirá mão de Lopes. “Então os dois saem candidatos”, afirmou.
O PT fez uma consulta à Justiça Eleitoral
para saber se é possível a mesma chapa lançar dois candidatos ao Senado e ainda
aguarda o parecer. Se não for permitido, o partido avalia um apoio informal a
Kalil.
Questionado sobre a possibilidade de o PSD
não admitir as duas candidaturas para o Senado, Silveira disse que, nesse caso,
o PT vai discutir com a federação e com a direção nacional do partido a
possibilidade de ter candidato próprio ao governo no Estado. “Tanto o PT,
quanto o PV e o PCdoB possuem bons quadros que poderão estar à disposição da
federação”, afirmou.
Kalil foi procurado para comentar a
respeito do possível apoio a Lula ou a Ciro. Em nota, o ex-prefeito informou
que está conversando com diversos partidos para a formatação de alianças. Por
enquanto, o PSB e o Democracia Cristã (DC) demonstraram interesse em apoiar
formalmente Kalil, além do PT.
Em relação a um possível apoio do PSD a Ciro Gomes, Cássio Soares observou que o ex-prefeito Kalil tem uma boa relação com o presidenciável do PDT, mas garantiu que essa possibilidade ainda não foi colocada na mesa para discussão. “A prioridade é esgotar as possibilidades de apoio mútuo entre Lula e Kalil. Caso não avance, vamos ao plano B”, afirmou o deputado.
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