O Estado de S. Paulo
Bolsonaro endossa o condenado e os ataques
à democracia e ao STF
O deputado federal Daniel Silveira (PTB, ex-PSL) foi
preso e condenado pelo Supremo, por dez votos a um (do bolsonarista Kassio
Nunes Marques), por incitar a violência contra a democracia e a própria Corte.
Pois o presidente Bolsonaro desautoriza o STF e endossa o condenado.
O deputado estadual Arthur do Val (União Brasil, ex-DEM), o “Mamãe Falei”, renunciou à Assembleia Legislativa de São Paulo depois de condenado por unanimidade pelo Conselho de Ética por, entre outras coisas, difundir que as mulheres ucranianas, vítimas da guerra, “são fáceis porque são pobres”. Bolsonaro o apoia?
O vereador e ex-PM Gabriel Monteiro (PL, ex-PRP) é
alvo de processo por quebra do decoro parlamentar na Câmara do Rio de Janeiro,
acusado de estupro e vídeos alisando crianças. Bolsonaro o apoia?
A eles se soma a ex-deputada federal Flordelis, cassada pela
Câmara e presa por arregimentar os próprios filhos para matar o marido. Ela,
porém, não representa, como os outros três, a “nova política” empurrada por
Bolsonaro, em 2018, para Câmaras, Assembleias, Congresso e governos estaduais –
como o juiz Wilson Witzel,
no Rio.
Daniel Silveira combate a democracia, defende o AI-5 e nunca reagiu como “maricas” à covid-19, que matou 663 mil brasileiros, enquanto sua mulher recebia auxílio emergencial. Ao ser barrado no plenário do STF, restrito ao seu advogado, ele estava com o deputado Eduardo Bolsonaro, o 03, para quem “basta um cabo e um soldado para fechar o… Supremo”. Era o pai dando seu recado.
Os bolsonaristas Silveira, Do Val e
Monteiro não caíram do céu, foram colocados na política pelo voto, na onda de
quem idolatra Pinochet, Stroessner e Brilhante Ustra, joga a população contra
as urnas eletrônicas e tira a Lei Rouanet da música, teatro e cinema para dar a
livros sobre armas.
Em 2018, Eduardo foi campeão de votos da
Câmara e Arthur do Val foi o segundo mais votado da Alesp, só atrás da também
bolsonarista Janaina Paschoal. Como Gabriel Monteiro, no Rio, Do Val surgiu com
o Movimento Brasil Livre. Livre do quê?
Presidente, Jair Bolsonaro abandonou o discurso de candidato, as fake news da “nova política” e o PSL. Agarrou-se ao Centrão, deu a “alma do governo” para o PP do senador Ciro Nogueira, meteu seu candidato ao governo de São Paulo, Tarcísio Gomes de Freitas, no Republicanos do deputado e bispo licenciado da Igreja Universal Marcos Pereira e se filiou ao PL de Valdemar Costa Neto, preso no mensalão. A bandeira da “nova política” virou pano de chão, mas Bolsonaro é candidato à reeleição e a uma guerra com o Supremo. Silveira é só pretexto.
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