Folha de S. Paulo
Estão desesperados com a possibilidade de
deixar o poder e responder na Justiça
A presença do país no mapa
da fome nunca foi tão palpável. Basta pôr os pés na rua para ver como
os mais vulneráveis —ou os miseráveis, para não usar o eufemismo— tentam se
virar. É um quadro de horror e dor, que mostra o Brasil não só paralisado, mas
andando para trás, com os indicadores econômicos e sociais regredindo no túnel
do tempo.
A fila do Auxílio Brasil explodiu; quase 3 milhões de famílias aguardam o benefício. O governo é incapaz até no esforço para reeleger o presidente. Só tem uma única arma: a compra de votos. A bagunça é tão grande que, com apoio dos líderes do Congresso, Bolsonaro quer decretar estado de emergência para poder criar um repasse mensal de R$ 1.000 para 900 mil caminhoneiros, além de elevar o Auxílio de R$ 400 para R$ 600.
Como se dizia na época do gabinete Rio
Branco, haja dinheiro. Ou não haja, ficando tudo na promessa, e a confusão que
aumente. Promover o caos para livrar a cara —a exemplo do que querem aprontar
na Petrobras, ameaçando a empresa de perder R$ 30 bilhões com a instalação de
uma CPI— é a ordem de cima. O país que quebre.
Não é apenas a incompetência de Paulo
Guedes. Ou a disfunção administrativa que atinge todos os ministérios. Ao
contrário da propaganda, há corrupção da grossa em Brasília. A operação mamata,
contudo, deve permanecer em sigilo por cem anos. Daí a suspeita de mais uma
interferência nas investigações da Polícia Federal (que não está tão aparelhada
como se pensava) e a pressa em tirar da carceragem o ex-ministro da Educação
Milton Ribeiro, que precisa ficar de boca fechada.
A cem dias das eleições, os bolsonaristas estão desesperados com a possibilidade de deixar o poder e responder na Justiça por seus crimes. A recente pesquisa Datafolha, mostrando a vitória do ex-presidente Lula no primeiro turno, fez soar o alerta. É hora de arrumar as malas do chefe e preparar a fuga para Miami.
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