sexta-feira, 10 de junho de 2022

Bolsonaro e Guedes fazem apelo por controle de preços

Ministro defende que supermercados tenham tabela ‘só em 2023’

Bolsonaro e Guedes pedem a supermercados que controlem preço

Representantes do setor pediram desoneração a Paulo Guedes, mas ouviram pedidos de ajuda contra inflação. Presidente solicitou 'menor lucro possível', enquanto ministro pediu 'trégua'

Por Alice Cravo, Daniel Gullino, Fernanda Trisotto e João Sorima Neto / O Globo

 BRASÍLIA - Com a inflação muito longe da meta, o presidente Jair Bolsonaro e o ministro da Economia, Paulo Guedes, pediram o apoio de empresários do setor de supermercados para controlar o aumento de preços. Bolsonaro solicitou que eles tenham o "menor lucro possível" sobre os alimentos da cesta básica, enquanto Guedes pediu uma "trégua de preços".

— O apelo que eu faço aos senhores, para toda a cadeia produtiva, para que os produtos da cesta básica obtenham o menor lucro possível para a gente poder dar uma satisfação a uma parte considerável da população, em especial os mais humildes — disse o presidente, durante evento promovido pela Associação Brasileira de Supermercados.

Inflação dos hortifrutigrajeiros em 2022

Os dois participaram por videoconferência. Bolsonaro está em Los Angeles, para participar da Cúpula das Américas, e Guedes está em Brasília. O presidente disse que a margem de lucro já diminuiu, mas pediu que os empresários colaborem "um pouco mais".

— Eu sei que a margem de lucro tem cada vez diminuído mais também. Vocês já vêm colaborando dessa forma. Mas colaborem um pouco mais na margem de lucro dos produtos da cesta básica. Esse apelo que eu faço aos senhores. Se eu for atendido, agradeço muito. Se não for, é porque realmente não é possível.

Guedes, por sua vez, reforçou o apelo do presidente e pediu a ajuda do setor de supermercados e indústrias para frear a escalada de preços. Ele disse que é preciso escapar da espiral da inflação:

— Vamos dar uma trégua de preço, uma pequena trégua de preço. Vamos confiar um pouco pro Brasil. Vamos apertar o cinto um pouquinho porque nós vamos quebrar essa espiral.

Supermercados queriam desoneração e ouviram pedido

A Associação Brasileira de Supermercados (Abras) informou em nota que havia se reunido com o ministro Paulo Guedes, nesta semana, para pedir a isenção de impostos sobre a cesta básica. Também foi pedida ao ministro a desoneração da folha de pagamento do setor.

Mais de 50 varejistas estavam presentes na reunião e se comprometeram a repassar ao consumidor qualquer redução que houver na cadeia produtiva. Sobre o pedido para não reajustar preços feito por Guedes, a Abras informou que o presidente da entidade, João Galassi, que abriu o Fórum da Cadeia Nacional de Abastecimento, promovido pela entidade, também fez esse "desafio" ao setor.

-- Nova tabela só em 2023 -- disse Galassi aos presentes, no discurso de abertura, pedindo para que a cadeia de supermercados não corrija a tabela de preços de alimentos recebida dos fornecedores até o ano que vem.

Guedes pede 'freio voluntário' pelo 'bem dos brasileiros'

Ao reforçar o pedido de Bolsonaro para conter os preços na videoconferência, Guedes frisou que o governo está atuando como pode e baixando os impostos – federais e também estaduais. E disse que, na ponta, o setor de supermercados está em mais contato com a população brasileira e sentindo a pressão e reclamação dos consumidores.

— Agora é a hora de dar um freio na alta de preços, voluntário, para o bem do brasileiro. Da mesma forma que os governadores têm que botar a mão no bolso e ajudar o Brasil, o empresariado brasileiro tem que entender o seguinte: devagar agora um pouco, porque temos que quebrar essa cadeia inflacionária — afirmou.

Ministro diz já ter repetido pedido a outros setores

Aos representantes do setor de supermercados, ele sugeriu que conversassem com fornecedores e citou que, além de falar com esse setor, também conversou com representantes da indústria de aço, eletromecânica e química:

— Já conversamos com todo mundo, mas nós temos que dar agora juntos essa trégua nos preços, vamos ajudar a quebrar essa espiral inflacionária.

O ministro da Economia também endossou a sugestão de Galassi, ainda pela manhã, quando Guedes também fez curto pronunciamento:

— É aquilo que você, João Galassi, disse muito bem: nova tabela de preços só em 2023. Travem os preços. Vamos parar de aumentar os preços por uns dois, três meses. Nós estamos em uma hora decisiva para o Brasil — afirmou o ministro

Um comentário:

ADEMAR AMANCIO disse...

Até parece que os dois estão preocupados com a mesa vazia do pobre,é tudo pela reeleição.