Ministro defende que supermercados tenham tabela ‘só em 2023’
Bolsonaro e Guedes pedem a supermercados que controlem preço
Representantes do setor pediram desoneração
a Paulo Guedes, mas ouviram pedidos de ajuda contra inflação. Presidente
solicitou 'menor lucro possível', enquanto ministro pediu 'trégua'
Por Alice Cravo, Daniel Gullino, Fernanda
Trisotto e João Sorima Neto / O Globo
BRASÍLIA
- Com a inflação muito longe da meta, o presidente Jair Bolsonaro e o ministro
da Economia, Paulo Guedes, pediram o apoio de empresários do setor de
supermercados para controlar o aumento de preços. Bolsonaro solicitou que eles
tenham o "menor lucro possível" sobre os alimentos da cesta básica,
enquanto Guedes pediu uma "trégua de preços".
— O apelo que eu faço aos senhores, para
toda a cadeia produtiva, para que os produtos da cesta básica obtenham o menor
lucro possível para a gente poder dar uma satisfação a uma parte considerável
da população, em especial os mais humildes — disse o presidente, durante evento
promovido pela Associação Brasileira de Supermercados.
Inflação dos hortifrutigrajeiros em 2022
Os dois participaram por videoconferência.
Bolsonaro está em Los Angeles, para participar da Cúpula das Américas, e Guedes
está em Brasília. O presidente disse que a margem de lucro já diminuiu, mas
pediu que os empresários colaborem "um pouco mais".
— Eu sei que a margem de lucro tem cada vez diminuído mais também. Vocês já vêm colaborando dessa forma. Mas colaborem um pouco mais na margem de lucro dos produtos da cesta básica. Esse apelo que eu faço aos senhores. Se eu for atendido, agradeço muito. Se não for, é porque realmente não é possível.
Guedes, por sua vez, reforçou o apelo do
presidente e pediu a ajuda do setor de supermercados e indústrias para frear a
escalada de preços. Ele disse que é preciso escapar da espiral da inflação:
— Vamos dar uma trégua de preço, uma
pequena trégua de preço. Vamos confiar um pouco pro Brasil. Vamos apertar o
cinto um pouquinho porque nós vamos quebrar essa espiral.
Supermercados queriam desoneração e ouviram
pedido
A Associação Brasileira de Supermercados
(Abras) informou em nota que havia se reunido com o ministro Paulo Guedes,
nesta semana, para pedir a isenção de impostos sobre a cesta básica. Também foi
pedida ao ministro a desoneração da folha de pagamento do setor.
Mais de 50 varejistas estavam presentes na
reunião e se comprometeram a repassar ao consumidor qualquer redução que houver
na cadeia produtiva. Sobre o pedido para não reajustar preços feito por Guedes,
a Abras informou que o presidente da entidade, João Galassi, que abriu o Fórum
da Cadeia Nacional de Abastecimento, promovido pela entidade, também fez esse
"desafio" ao setor.
-- Nova tabela só em 2023 -- disse Galassi
aos presentes, no discurso de abertura, pedindo para que a cadeia de
supermercados não corrija a tabela de preços de alimentos recebida dos fornecedores
até o ano que vem.
Guedes pede 'freio voluntário' pelo 'bem
dos brasileiros'
Ao reforçar o pedido de Bolsonaro para
conter os preços na videoconferência, Guedes frisou que o governo está atuando
como pode e baixando os impostos – federais e também estaduais. E disse que, na
ponta, o setor de supermercados está em mais contato com a população brasileira
e sentindo a pressão e reclamação dos consumidores.
— Agora é a hora de dar um freio na alta de
preços, voluntário, para o bem do brasileiro. Da mesma forma que os
governadores têm que botar a mão no bolso e ajudar o Brasil, o empresariado
brasileiro tem que entender o seguinte: devagar agora um pouco, porque temos
que quebrar essa cadeia inflacionária — afirmou.
Ministro diz já ter repetido pedido a
outros setores
Aos representantes do setor de
supermercados, ele sugeriu que conversassem com fornecedores e citou que, além
de falar com esse setor, também conversou com representantes da indústria de
aço, eletromecânica e química:
— Já conversamos com todo mundo, mas nós
temos que dar agora juntos essa trégua nos preços, vamos ajudar a quebrar essa
espiral inflacionária.
O ministro da Economia também endossou a
sugestão de Galassi, ainda pela manhã, quando Guedes também fez curto
pronunciamento:
Um comentário:
Até parece que os dois estão preocupados com a mesa vazia do pobre,é tudo pela reeleição.
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