sábado, 30 de julho de 2022

Fernando Carvalho* - Açúcar explosivo perigoso

Dedico este artigo aos médicos, nutricionistas e dentistas; três profissionais cuja maioria pensa que açúcar é um alimento. Mostro aqui que na verdade açúcar é um explosivo perigoso.

O açúcar tem uma incrível propriedade geradora de energia. Por definição, explosivo é toda substância capaz de gerar, por meio de uma reação química brusca, um grande volume de gases, que são elevados a alta temperatura pelo calor desprendido na reação. A expansão dos gases produz a explosão. 

Na Enciclopédia Delta Larousse, consta que a decomposição de um explosivo nada mais é que uma combustão muito viva. Entre os combustíveis estão o carbono, o hidrogênio e o enxofre. O comburente é o oxigênio, geralmente fornecido por compostos químicos muito oxigenados: nitratos, cloratos e percloratos. Um explosivo pode deflagrar ou detonar. Deflagra quando a produção de gases é progressiva, com velocidade de decomposição compreendida entre alguns milímetros e algumas centenas de metros por segundo; e detona quando a velocidade varia de 2 a 7 quilômetros por segundo em uma onda explosiva. Exemplos de altos explosivos brisantes, ou rompedores, são o TNT, a dinamite e o algodão–pólvora. Os principais explosivos deflagrantes ou propulsores são a pólvora negra, as pólvoras sem fumaça e a “pólvora branca”. Falarei apenas sobre as pólvoras negra e branca.

Pólvora negra é a velha conhecida de todos. Resulta da mistura em proporções variadas de salitre, enxofre e carvão. Pólvora branca é a pólvora feita com açúcar. Estou lançando o neologismo. Ainda segundo a Enciclopédia Delta Larousse, quando se misturam os cloratos e percloratos com substâncias facilmente inflamáveis, tais como carvão, enxofre, fósforos, açúcar, sulfetos e mononitrobenzeno (gosto de ver o açúcar entre seus pares), “obtêm-se pólvoras brisantes de grande violência na decomposição explosiva, muito sensíveis e perigosas”. Para saber mais, abra o Google e busque o assunto “açúcar + explosivo”. Aparecerão endereços de várias páginas “educativas” com receitas de bombas de fabricação caseira cujo ingrediente principal chama-se açúcar.

A receita seguinte é de uma bomba de fumaça de fabricação caseira:

Ingredientes: 4 medidas de açúcar; 6 medidas de nitrato de potássio; alguns palitos de fósforos.

Modo de preparo: junte o açúcar e o nitrato numa panela, mexa em fogo baixo até derreter; coloque num pote de cerâmica ou numa lata e, antes de solidificar, jogue alguns palitos de fósforo por cima à guisa de pavios. Assim que esfriar, a bomba está pronta. Ao atear fogo, assim que a mistura inflamar, a fumaça surgirá.

Os livros de química atuais não tocam no assunto, mas livros antigos abrem o jogo: “O ácido crômico e o clorato de potássio, com aquecimento, oxidam vivamente o açúcar de cana com explosão” (nota 1). E outro livro antigo diz que o açúcar, no escuro, quando quebrado ou friccionado contra um corpo duro, torna-se fosforescente.(nota 2).

Outras duas bombas de fabricação caseira de facílima confecção, uma têm como ingredientes: açúcar, cloro e água, sendo o cloro um suporte inerte que contribui apenas pelo volume. E a outra consiste na mistura de apenas dois ingredientes: açúcar e carvão mineral.

Leio ainda no site da Internatinonal Labour Organization (nota 3) que a simples mistura de açúcar refinado com o ar já resulta em um composto explosivo. E mais: os fogueteiros também usam o açúcar como propelente nos rabos de seus foguetes.

Finalmente, pesquisadores da Universidade de Saint Louis, nos Estados Unidos, acabam de descobrir um novo uso para o açúcar: alimento de bateria para telefones celulares, computadores portáteis, etc. Segundo a orientadora da pesquisa, a doutora Sheley Minter, a vantagem do açúcar como alimento de baterias é que se trata de uma substância biodegradável. As baterias de açúcar são quatro vezes mais duráveis que uma similar de lítio.

Depois que descobri mais essa “virtude” do açúcar, substância altamente explosiva e perigosa, pergunto-me: como podem as mães dar essa pólvora branca para seus filhos? Ou melhor, como podem as autoridades da área de saúde permitir que isso aconteça? A acetona não se encontra mais à venda em farmácias porque é utilizável no refino de cocaína. Indago-me: o Brasil já realizou uma campanha de desarmamento da população. Não seria o caso de o Ministério da Defesa mandar retirar dos supermercados o açúcar, substância química que pode ser usada como alimento de baterias, componente de pólvora de alto poder de explosão em bombas caseiras, bombas de fumaça e até propelente de foguetes?

*Fernando Carvalho é historiador, formado pela Universidade Federal Fluminense (UFF), autor de “Livro Negro do Açúcar

NOTAS:

01 TERRA, Barros. Chimica orgânica. RJ: Casa Leuzinger, 1936, p. 402.

02 NOBRE, F. Ribeiro. Tratado de qímica elementar: Porto, Lelo, 1933, p.366.

03 http:www.ilo.org

2 comentários:

Fernando Carvalho disse...

Fiquei apreensivo pensando será que o Gilvan vai publicar isso? Claro que é um assunto político. Quando o escrevi o Ministro da Defesa era um civil, como tem que ser. Hoje temos um capitãozeco golpista como comandante supremo das FFAA que já citou a "pólvora" como solução para problemas políticos. Pólvora que ele consome juntamente com o leite condensado e a Coca-Cola.

ADEMAR AMANCIO disse...

Além de tudo o açúcar é nocivo pra saúde,mas somos dependentes do produto.