Folha de S. Paulo
Segundo o Datafolha, 21% dos eleitores
ainda podem mudar o voto
As análises de prateleira erraram. Esta
nunca foi a eleição definida pela economia, pelo tamanho do PIB, vagas de
emprego, reformas estruturantes, preço da gasolina ou quantos votos podem ser
comprados com a improvisação
de um aumento para o Auxílio Brasil.
Não é a reedição de mais uma discussão
eleitoral sobre corrupção. Muito menos um embate sacro santo entre Deus e o
diabo na terra do sol. País que produz Anitta e Pabllo
Vittar não se doutrina com reza ideológica. Precisa de fé genuína.
Esta é a eleição em que o Brasil define
quem quer ser.
O país da inclusão racial ou da meritocracia branca. Individual ou coletivo. Do lar ou dá vida. Com acesso à informação ou sigilo de 100 anos. Com mais ou menos árvores em pé. Com ou sem porte de armas. Com ou sem camisa da seleção brasileira para todos. Rosa e azul ou verde, lilás, roxo, extra +.
Sim. Fomos empurrados a esse momento
desagradável pela intolerância de alguns. Agora, é preciso ser binário antes de
retomar o lúcido caminho do meio. Os progressistas de carteirinha sabem disso.
Os conservadores por convicção também.
É por tudo isso que Lula
e Bolsonaro permanecem engessados dentro das margens de erro em todas
as pesquisas eleitorais. Não há desavisados entre os 45% (para cima e para
baixo) que declaram votar em Lula, muito menos nos 35% (para cima e para baixo)
que apoiam a reeleição de Bolsonaro. Cada grupo sabe o combo de sociedades que
lhe interessa.
A definição, no entanto, pode ficar na
escolha dos indecisos. O grupo que ainda não captou o espírito do tempo.
Segundo o Datafolha,
21% dos eleitores dizem que
podem mudar o voto. Se serve de consolo para eles, o dilema brasileiro é
global. Faz parte de uma crise que coloca em xeque a crença em princípios da
ciência, formas de governo, sistemas econômicos, interações sociais e almoços
em família no final de semana. Escolher é inevitável.
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