O Globo
Infelizmente, no último encontro os dois
candidatos foram agressivos e repetitivos
Hoje as urnas falarão. Infelizmente, no
último debate os dois candidatos foram agressivos e repetitivos. É verdade que,
sendo repetitivo, Lula falava do seu governo, tinha um acervo que falta a
Bolsonaro. Houve uma pandemia, mas sua conduta não o credencia. Bolsonaro
falava do seu governo e instalou-se na crítica que o beneficiou em 2018. Ambos
diziam que o outro é mentiroso. Como disse Bolsonaro, “chegamos a um impasse
aqui”. Quem ficou preso no impasse foi o eleitor.
As únicas propostas transmitidas durante as duas horas do debate vieram nos comerciais, com Pedro Bial pedindo doações para os refugiados das Nações Unidas, contando a história da menina Ana. Além dele, o Programa Médicos sem Fronteiras, pedia doações de R$ 30 mensais.
Bolsonaro defendendo a Constituição parecia
uma cena de comédia italiana. Do treinamento dos dois candidatos resultou que
Lula administrou direito seu tempo e afastou-se fisicamente do adversário.
Deixou Bolsonaro cenograficamente isolado no cenário. O bordão “vai pra casa
Lula”, repetido do debate anterior, parece ser inócuo porque no primeiro turno
57,2 milhões de pessoas acharam o contrário.
Os dois primeiros blocos do debate foram
apenas cansativos, com dois senhores insultando-se.
Mesmo quando Lula apontou para o calcanhar
de Bolsonaro e levantou o tema da pandemia de Covid o debate da Globo repetiu o
da Band. Voltaram ao ponto de partida, com um chamando o outro de mentiroso,
com Bolsonaro preso à bola de ferro dos 680 mil mortos. Ganha uma caixa de
Viagra quem souber de alguém que toma a pastilha com o objetivo mencionado por
Bolsonaro no seu compulsivo exercício ilegal da medicina.
Todo governante carrega defeitos. Lula
nadou de braçada quando cobrou resultados a Bolsonaro. Capitão ia buscar
desastres velhos. Os dois sentiam-se melhor quando o outro não respondia ou
permitia que o chamasse de mentiroso.
Bolsonaro, incumbente, jogou na defesa e,
como ensina o futebol, quem não faz gol, toma. Felizmente voltaram os
comerciais, com Ambipar falando do meio ambiente.
Terminados os blocos dos insultos, os
candidatos foram obrigados a anunciar o que pretendem fazer de Pindorama nos
próximos quatro anos. Ambos ofereceram suas plataformas. Cada eleitor poderá
julgá-las.
Sobraram duas promessas concretas. Lula diz
que isentará de imposto de renda quem tem renda inferior a R$ 5 mil mensais.
(Em 2018, Bolsonaro prometeu e não cumpriu.) O capitão prometeu um salário
mínimo de R$ 1.400, perdeu-se no palanque de 2018 e por pouco não pediu votos para
voltar à Câmara dos Deputados.
Na dúvida, quem quiser pode mandar uma
pequena doação para refugiados da ONU, como pede Pedro Bial, ou para o programa
Médicos sem Fronteiras.
Aviso aos navegantes
Contados os votos, sempre aparece alguém
pensando em lances excêntricos.
Na eleição de hoje as cartas foram para a
mesa na segunda-feira.
No primeiro lance, o ministro das
Comunicações, Fábio Faria, ladeado por Fabio Wajngarten, assessor da campanha
bolsonarista, denunciou uma fraude nas inserções radiofônicas.
No segundo lance, Eduardo Bolsonaro pediu o
adiamento da eleição. No terceiro, o pai de Flávio reuniu-se com ministros,
inclusive os comandantes militares.
Tomaram um contravapor do ministro
Alexandre de Moraes: a falha não era do TSE e, se houve, veio do partido do
capitão.
Na sexta-feira, o ministro Fábio Faria
informou:
“Me arrependi profundamente de ter
participado daquela entrevista coletiva. Se eu soubesse que (a crise) iria
escalar, eu não teria entrado no assunto”.
Caso raro de honestidade
política.
Em outros tempos Pindorama passou por
coisas parecidas em três ocasiões:
Em 1982, armou-se um esquema de roubo de
votos no sistema de totalização da empresa privada Proconsult. Deu em
escândalo.
Em 1981, a “tigrada” do DOI do Rio, armou
um atentado talvez para tumultuar um show no Riocentro, explodindo um carro no
estacionamento. Morreu o sargento que tinha a bomba no colo.
Em agosto de 1954, a guarda pessoal de
Getúlio Vargas armou um atentado contra o jornalista Carlos Lacerda.
Contrataram um pistoleiro e foram à cena do crime num táxi do ponto perto do
palácio presidencial.
Atiraram e mataram um major da Aeronáutica
que escoltava Lacerda.
O motorista apresentou-se à polícia na
manhã do crime e dois dias depois identificou o passageiro. Era um dos capangas
do presidente.
Vargas matou-se.
Conta outra, doutor
Campanha eleitoral transforma urubu em meu
louro. O doutor Paulo Guedes resolveu acertar o ex-ministro da Fazenda Henrique
Meirelles, que decidiu apoiar Lula.
Como Meirelles disse que Guedes furou o teto
de gastos, ele atirou:
“Nós furamos o teto porque é um teto muito
mal construído. É tão mal construído que o economista não é nem economista.”
Noves fora a engenharia do teto, Guedes
vestiu a camisa do sindicalismo corporativista ao dizer que Meirelles “não é
nem economista”.
Não eram economistas:
Pedro Malan, Mário Henrique Simonsen e
Eugênio Gudin formaram-se como engenheiros. Roberto Campos era diplomata.
Joaquim Murtinho, o ferrabrás da República Velha, era também médico e
homeopata.
O primeiro professor de “ciência econômica”
brasileiro foi o Visconde de Cairu (1756-1835). Estudou em Portugal com bolsa
da Viúva, passou a vida em cargos públicos, aposentou-se aos 50 anos e nunca
deu uma aula. Não produziu um só prego.
Onipotência verbal
Paulo Guedes padece de onipotência verbal.
Quando ele insinua, quatro dias antes de uma eleição que o PT poderá taxar as
transações com o Pix, exagera.
O PT nunca propôs isso. Quem propôs taxar
as transações eletrônicas foi ele.
Aos fatos:
Em dezembro de 2019, depois do fracasso da
ressurreição da CPMF, o doutor disse:
“Tem transações digitais. Você precisa de
algum imposto, tem que ter um imposto que tribute essa transação digital.”
Novos nomes
Sejam quais forem os resultados da eleição
de hoje, a política brasileira tem três novos nomes.
De longe, o primeiro nome é o de Simone
Tebet, seguida de perto pelo mineiro Romeu Zema. Adiante, surge Tarcísio de
Freitas, ganhando ou perdendo o governo de São Paulo.
O fardo do homem branco
A chegada de Rishi Sunak ao cargo de primeiro-ministro
da Inglaterra é uma boa ocasião para se pensar no destino dos povos. Ele nasceu
na Grã-Bretanha, neto de indianos. Seu pai nasceu no Quênia e a mãe no
Tanganyika (atual Tanzânia). Ao tempo do avô de Sunak, Winston Churchill
debochava de Gandhi chamando-o de “faquir seminu”.
Naquele século, negros do Quênia
rebelaram-se contra o domínio inglês e prenderam por vários meses Hussein
Onyango Obama, avô de futuro presidente dos Estados Unidos.
Em 1899, o inglês Rudyard Kipling (nascido
na Índia) escreveu seu famoso poema “O fardo do homem branco”, atiçando
iniciativas imperialistas. Vinte anos depois ele veio ao Brasil e, ao chegar a
Salvador, perguntou onde estavam os índios ao jovem repórter que o acompanhava.
Era Luís Viana Filho, que viria a ser governador da Bahia.
4 comentários:
Paulo Jegue um pedante ao desserviço do Bozo . Invejoso dos bons economistas . Trambiqueiro mor do .Brasil , vive para perseguir os pobres os quais mandou para a fila dos ossos. Fora Paulo Jegue!!!!
Tomara que jamais tenhamos que ver essa tua cara lambida.
Não é possível que Gaspari tenha se convencido da honestidade política do ministro Fabio Faria. Não é lógico supor que Faria não imaginasse o que a campanha bolsonarista pretendia com a falsa denúncia. O ministro se diz arrependido, mas não é ingênuo e CERTAMENTE SABIA MUITO BEM o que pretendia a campanha bolsonarista ao lançar as falsas denúncias, quando na verdade se houve algo foi FALTA DE FISCALIZAÇÃO da sua própria campanha! Faria apenas tenta agora se eximir de problemas com a Justiça, pois pode ser acusado de denunciação falsa!
Tem gente que entende tudo de economia mesmo sem ser economista.
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