Folha de S. Paulo
Nem inteligência artificial pode salvar
Bolsonaro
Em tempos de inteligência artificial, nada
como a burrice natural. Reportagem de Julia Chaib e Marianna Holanda, na Folha,
revela que Bolsonaro, inconformado com o processo no TSE que pode levar a sua
inelegibilidade, vai adotar
mais uma vez o discurso de "vítima do sistema" e,
caso a pena venha a ser confirmada na corte eleitoral, recorrer ao STF. Não é
uma boa estratégia.
O capitão, coitado, é uma vítima da própria operação golpista que ele implantou
desde o primeiro dia de governo. O parecer da Procuradoria-Geral Eleitoral que defende
tornar Bolsonaro inelegível por oito anos afirma que o
ex-presidente mobilizou a população a se insurgir contra o sistema eleitoral e
usou o Estado para benefício pessoal na eleição. Os participantes da intentona
bolsonarista de 8/1 concordam com o parecer cuja análise em plenário deverá
ocorrer até maio.
O processo se baseia na reunião com embaixadores no Palácio do Alvorada, em
julho de 2022. A tecnologia de imagens a serviço da inteligência artificial já
é capaz de enganar as pessoas sem que estas se deem conta. O papa
Francisco, por exemplo, foi "clicado" vestindo uma longa jaqueta
branca inspirada em Balenciaga. Muita gente acreditou.
Mas é impossível desacreditar (mesmo que se deseje, para apagar da mente uma
vergonha) ou fingir que aquela reunião não existiu. A menos de três meses do
primeiro turno, Bolsonaro convocou o corpo diplomático para mentir
sobre as urnas eletrônicas e atacar Lula, que liderava as
pesquisas. A partir dali passou a valer tudo, com uso da máquina para compra de
votos, culminando com as operações da PRF para dificultar o deslocamento de
eleitores do Nordeste no dia da votação.
A defesa de Bolsonaro é tão ilógica que não deixa dúvida: ele quer continuar em
férias, articulando um acordo para não ser preso. De novo, os sistemas de IA
não poderão ajudar: seus crimes são congênitos.
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