Folha de S. Paulo
Luiz Inácio da Silva tem feito escolhas tão
ruins quanto enigmáticas
O governo ainda não fez quatro meses e a
coleção de desacertos supera em muito a quantidade (e a qualidade) de acertos.
Até a unanimidade em torno da reação aos ataques de 8 de janeiro ficou tisnada
pelas imagens do
general da estrita confiança do presidente da República em
passeio ameno no Palácio invadido.
Luiz Inácio da Silva tem feito escolhas tão ruins quanto enigmáticas. Não obtém
bons resultados e por isso suscitam a dúvida sobre qual a motivação dele
ao arrumar briga
no campo externo com o Ocidente e, no terreno interno,
prestigiar as ilegalidades do MST, levando o líder invasor na viagem à China.
Isso para tratar dos episódios mais recentes e ruidosos. Nesse
embornal cabem a turra com o Banco Central, a oferta de holofote a
Sérgio Moro, o castigo aos pobres na suspensão do marco do saneamento e ainda
toda sorte de improvisos cujo ápice deu-se na atabalhoada suspensão da isenção
de taxas às compras nos sites asiáticos.
A única escolha com explicação clara é a manutenção de Jair Bolsonaro como
antagonista preferencial. Quem não gostaria de ter nessa condição alguém com
tal sorte de passivos?
De resto, a seleção de atritos não tem razão de ser. Guarda semelhança com o
que a historiadora Barbara Tuchman celebrizou em sua "Marcha da
Insensatez", relatando ao longo da história decisões de governantes que se
voltam contra os próprios.
Conviria Lula e companhia darem uma conferida no livro. Mas, ao que consta, o
presidente não segue nem gosta de conselhos. Além do mais, parece embarcado
numa egotrip aguda que acentua sua vocação para dono de verdades embaladas em
platitudes que animaram plateias e o trouxeram até aqui.
Mas o tempo passou, os critérios da sociedade se aprimoraram e não aceita que
os trancos aproximem o país à beira de perigosos barrancos.
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