Folha de S. Paulo
Lula não
economizou na veemência ao antecipar seu balanço dos primeiros cem dias de seu
mandato. Antes de ouvir qualquer pergunta no café com
jornalistas desta quinta (6), ele disse estar "muito, mas
muito, muito, muito satisfeito" com os resultados do governo até aqui.
Ainda assim, o presidente não escondeu um receio que ronda o Planalto.
O governo quer enfrentar o fantasma da naftalina. Embora avaliem que o resgate de programas como o Bolsa Família e o Minha Casa, Minha Vida foi bem-sucedido, petistas temem que a largada do governo tenha uma cara antiga e desperte uma impaciência precoce no eleitorado.
O próprio Lula encarou o dilema. Ao falar da retomada de "políticas sociais que deram certo nesse país", o presidente reconheceu que "elas ainda não estão surtindo o efeito necessário" e falou em olhar para o futuro. O ministro Paulo Pimenta (Secretaria de Comunicação) avisou que "devolver direitos" era apenas a primeira etapa do novo governo.
Lula foi no caminho certo ao recriar
o Programa de
Aquisição de Alimentos e retomar a exigência da vacinação
infantil para o pagamento do Bolsa Família. Também dobrou a aposta no Minha
Casa, Minha Vida, apesar de controvérsias sobre o modelo do programa. A
preocupação do Planalto é outra.
O presidente estabeleceu o centésimo dia de
mandato como uma espécie de ponto de virada. Lula disse que, na próxima segunda
(10), começará o que ele chamou de "outra fase" do governo, com foco
na expansão do crédito para estimular a economia. "Não vou ficar mais
falando das coisas que nós fizemos. Eu vou começar a falar das coisas que nós
vamos fazer daqui para frente", disse.
A avaliação interna dos integrantes do
Palácio do Planalto é que a sonolência da economia tende a acelerar as
cobranças por resultados —e Lula admitiu que seu governo será julgado pelo
crescimento que conseguir entregar. "Se o Brasil estivesse bem, tudo maravilhosamente
bem, tudo correto, certamente eu não teria ganho as eleições", afirmou.
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