Valor Econômico
Saiba também quem seriam os cinco maiores
economistas da atualidade no mundo
Quais são os dez maiores economistas
brasileiros de todos os tempos? A pergunta foi feita pelo colunista no dia 8/5
ao ChatGPT, site de inteligência artificial (IA) que dialoga com humanos. E o
número 1 da lista foi Celso Furtado, considerado pela IA como “um dos mais
importantes pensadores do desenvolvimento econômico do país”.
Antes de dar a lista, o site fez a ressalva de que a indicação dos maiores economistas pode variar de acordo com os critérios utilizados. E apresentou, em segundos, os dez que, em seu entendimento, são “frequentemente reconhecidos por sua contribuição para a economia brasileira ao longo do tempo”. O ranking abaixo e os minicurrículos são do ChatGPT:
1. Celso Furtado - considerado um dos mais
importantes pensadores do desenvolvimento econômico do Brasil.
2. Roberto Simonsen - foi um dos fundadores
da Escola Superior de Economia e Administração (ESEA) da FGV [nota da coluna:
ele participou do grupo que criou a Fundação Escola de Sociologia e Política de
São Paulo, a FESPSP]. Defendia a industrialização do país.
3. Mário Henrique Simonsen - professor da
FGV e ex-ministro da Fazenda, é reconhecido por suas contribuições para a
teoria econômica e para a política econômica do país.
4. Maria da Conceição Tavares - conhecida
por sua teoria do desenvolvimento econômico e defesa da industrialização.
5. Ignácio Rangel - citado por seu trabalho
em teoria econômica e pela defesa do planejamento.
6. Fernando Henrique Cardoso - foi
presidente do Brasil e é conhecido por suas contribuições para a sociologia e
para a economia política do país.
7. Luiz Gonzaga Belluzzo - indicado por
suas contribuições para a teoria econômica e por sua atuação como presidente do
BNDES [Belluzzo nunca presidiu o banco].
8. João Paulo dos Reis Velloso - foi
ministro do Planejamento e é conhecido por seu trabalho na área da política
econômica do país.
9. Delfim Netto - foi ministro da Fazenda e
contribuiu para a política econômica do país.
10. Paulo Nogueira Batista Jr. -
reconhecido por suas contribuições para a teoria econômica e por sua atuação
como diretor-executivo do FMI.
A mesma pergunta, feita pelo colunista
novamente no sábado (20/5), 13 dias depois da primeira, obteve resposta bem
diferente. O Chat manteve Celso Furtado em primeiro lugar, mas trocou cinco
economistas da lista dos dez. Tirou do time FHC, que não é economista, Inácio
Rangel, Roberto Simonsen, também não economista, Delfim Netto e Belluzzo. E
incluiu Edmar Bacha, André Lara Resende, Gustavo Franco, Bresser-Pereira e
Roberto Campos. O ranking ficou assim:
1. Celso Furtado.
2. Roberto Campos, o avô do atual
presidente do Banco Central e o colocou equivocadamente entre os formuladores
do Plano Real.
3. Maria da Conceição Tavares.
4. Mário Henrique Simonsen.
5. Edmar Bacha, um dos formuladores do
Plano Real.
6. Paulo Nogueira Batista Jr.
7. André Lara Resende.
8. João Paulo dos Reis Velloso.
9. Gustavo Franco, ex-presidente do Banco
Central.
10. Luiz Carlos Bresser-Pereira.
Por que, em 13 dias, a inteligência
artificial teria mudado tanto sua opinião? O colunista perguntou ao próprio
site: “O Chat tem opinião própria?”. A resposta foi “não”, com a explicação de
que o sistema é projetado para gerar respostas com base nas informações que
recebe utilizando o que chama de “rede neural profunda” para processar a
entrada de textos e gerar uma saída que se assemelha à resposta que um ser humano
daria.
O que seria essa “rede neural profunda”? O
Chat explica: trata-se de uma rede de neurônios artificiais treinados para
reproduzir, sem precisar de programação detalhada, o funcionamento do cérebro
humano.
Quais os critérios utilizados pelo GPT para
as respostas? Elas levam em conta o perfil do usuário que faz a pergunta? “Não,
elas são baseadas em informações gerais, não levam em consideração o perfil
específico do usuário e não usam algoritmos. Procura-se oferecer respostas
objetivas e imparciais com base em conhecimentos adquiridos durante o
treinamento do modelo.”
Apesar dessa declaração de objetividade e
imparcialidade, percebe-se claramente no primeiro “ranking” a presença
esmagadora de pensadores desenvolvimentistas, grupo no qual talvez apenas Mario
Simonsen não possa ser incluído. Na segunda lista, há mais liberais.
Os melhores do mundo
O colunista também perguntou ao ChatGPT
quais seriam os cinco maiores economistas da atualidade no mundo. Com a mesma
ressalva de que a escolha “é subjetiva e pode variar de acordo com os critérios
utilizados”, a IA indicou os nomes instantaneamente e elaborou os seguintes
minicurrículos:
1. Paul Krugman - americano e professor na
Universidade de Nova York [ele é atualmente professor de Princeton], ganhador
do Nobel de Economia em 2008.
2. Esther Duflo - francesa, professora do
MIT e cofundadora do Abdul Latif Jameel Poverty Action Lab (J-PAL). Ganhou o
Nobel de Economia em 2019 por seu trabalho em economia do desenvolvimento e
pesquisa sobre a pobreza.
3. Joseph Stiglitz - americano, professor
da Universidade Columbia e ganhador do Nobel de Economia em 2001 por seu
trabalho em teoria da informação e mercados com assimetria de informações.
4. Thomas Piketty - francês, professor da
Escola de Economia de Paris e autor do livro “O Capital no Século XXI”. Aborda
temas como desigualdade de renda e riqueza.
5. Amartya Sen - indiano, professor de
Harvard e ganhador do Nobel de Economia em 1998 por seu trabalho em teoria do
bem-estar e desenvolvimento humano.
Os cinco maiores economistas do mundo atual
escolhidos pela IA são progressistas/heterodoxos. Entre os dez do ranking
brasileiro, nove são ou foram desenvolvimentistas na lista do dia 8 e apenas
cinco na de 13 dias depois.
Será que seus textos reproduzem mesmo o funcionamento do cérebro humano? Quais cérebros? Um crítico bolsoneoliberal bem-humorado, o que é raro, diria que o ChatGPT é suspeito por causa das duas letras finais de seu nome. Humor à parte, é possível observar, pelo menos, que a inteligência artificial é volúvel. Como a humana.
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