Folha de S. Paulo
A impressão é que qualquer pessoa próxima
do clã está sob suspeição
Em março de 2021, quando o presidente que
se elegera com o discurso de combater a corrupção estava havia quase dois anos
e meio no poder, os Bolsonaros bateram um recorde. Seguindo os passos do chefe
do clã, os quatro filhos de Jair enfrentavam investigações da Justiça e da
Polícia Federal. As rachadinhas de Flávio estouraram no início do mandato.
Hoje, com podres irrompendo a cada instante, a impressão é que qualquer pessoa que tenha tido um contato mais próximo com a família está sob suspeição. Uma amiga da ex-primeira-dama Michelle que emprestava o cartão de crédito a ela. Na hora de pagar a fatura, sempre em dinheiro vivo, entrava em cena o faz-tudo da Presidência, um tenente-coronel que está preso. A desculpa é que Bolsonaro é pão-duro. Mas só quando o capital sai do seu bolso. No cartão corporativo, chegou a gastar R$ 55,2 mil numa única padaria um dia após o casamento de Eduardo.
Segundo a CNN Brasil, o ex-presidente
acumula quase 600 processos. Seiscentos, você não leu errado. O levantamento é
do partido de Bolsonaro, o PL, que monitora os casos porque cabe aos cofres da
legenda custear a defesa em grande parte das ações, que vão de graves crimes
eleitorais a multas por não ter usado máscara na pandemia ou capacete nas
motociatas. É um custo espantoso —advogados que o digam— para manter viva a
estratégia de vitimização.
Talvez com inveja do pai, que trocou os
passeios de jet ski por visitas obrigatórias à PF, ou da ex-primeira-dama, que
tem conquistado nos rolos do marido um protagonismo tão brilhante como joias
árabes, o vereador Carlos resolveu reagir.
A semana passada trouxe novidades ao inquérito que apura o esquema de desvio de dinheiro no gabinete do filho 02. Ana Cristina Valle, ex-mulher de Jair, era a líder de um grupo de nove servidores que movimentou mais de R$ 3 milhões entre 2005 e 2018. Deus, pátria —e a família em primeiro lugar.
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