terça-feira, 13 de junho de 2023

Dora Kramer - Um novo amigo

Folha de S. Paulo

Espaço de interlocução alternativo a Lira pode ser caminho para Lula na Câmara

O presidente da República entrou em campo e supostamente deu uma arrumada no jogo. Resta saber se daqui para frente será realmente tudo diferente do que foi a difícil convivência com o Poder Legislativo nestes meses iniciais de governo.

Lula fez o certo? Depende do ponto de vista. Se o posto de observação for o Palácio do Planalto, no momento é o que tinha para ser feito: não ceder aos apelos por uma reforma ministerial ampla, ajustar a equipe aqui e ali sem mexer em cargos mais caros ao presidente, manter azeitado o fluxo de liberação de emendas e calibrar as pautas para reduzir confrontos inúteis no Parlamento.

É diferente quando o panorama é analisado por pessoas com experiência acumulada de outros carnavais. Gente que participou de muitos governos, do PT, do PSDB e do MDB do ex-presidente Michel Temer, acha que Lula não tem ido por um bom caminho.

De acordo com essa percepção, o chefe do governo não vai retomar o mando da partida enquanto não criar dentro do Congresso um espaço de interlocução alternativo ao presidente da Câmara, Arthur Lira, a quem teria se entregado de maneira completa e apressada, assombrado que estava pelo fantasma de Eduardo Cunha.

A prudência, no entanto, talvez tenha sido excessiva e já seria hora de alterar o rumo da prosa. O reforço do diálogo com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, não bastaria, pois o xis da questão está na Câmara, onde o deputado alagoano reina absoluto.

E ali, na visão de observadores experientes, é que Lula deveria atuar. Não no conflito aberto, mas na busca de alguém a quem pudesse dar as ferramentas necessárias para operar internamente em nome do governo.

Desse modo, iniciar a construção de uma candidatura "amigável", capaz de enfrentar o nome escolhido por Arthur Lira à sua sucessão e, assim, evitar que se eternize o clima de tensão.

 

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