sexta-feira, 13 de janeiro de 2023

Míriam Leitão - Minuta revela como seria o caminho do golpe do bolsonarismo

O Globo

Documento encontrado na casa de Anderson Torres confirma as intenções golpistas do antigo governo

O que o governo Bolsonaro planejava:  substituir o TSE por uma comissão inconstitucional de maioria de militares que decidiria qual era o resultado das eleições. A minuta do golpe encontrada na casa do ex-ministro da Justiça, Anderson Torres, descortinou o plano do ex-presidente Bolsonaro. Plano este que ele e seus seguidores repetiam o todo tempo nas manifestações: uma intervenção militar com Bolsonaro no poder.

Vários vezes ele fazia declarações cheias de ambiguidades e deixava no ar que algo iria acontecer. Falava que sempre trabalharia nas quatro linhas da constituição. O plano que está nessa minuta era decretar o estado de defesa. O estado de defesa é um instrumento legal à disposição do chefe do Executivo. Só que ele usaria essa possibilidade constitucional de forma totalmente distorcida, para intervir apenas no TSE.

No documento, o tribunal seria substituído por uma comissão de regularidade eleitoral, de 15 integrantes, sendo oito deles indicados pelo Ministério da Defesa. E o sigilo de correspondência e telemático dos ministros seria quebrado. O caminho era quebrar a ordem democrática para mudar o resultado eleitoral, fazendo de conta que estava usando um instrumento constitucional..

A ação descrita na minuta é muito parecida com o método do ex-presidente da Venezuela, Hugo Chávez, nome que Bolsonaro sempre ligou à esquerda. Chávez, um coronel que saiu do Exército por tentativa golpista, quando chegou ao poder por meio do voto, seu primeiro alvo foi exatamente o tribunal eleitoral venezuelano, a Comissão Nacional Eleitoral. Assim, um governo eleito democraticamente acabaria virando, como virou, uma autocracia.

O nome disso é golpe e aquela minuta tem que ser explicada por Torres, que afirmou, por meio das redes sociais, que o documento encontrado pela Polícia Federal em sua casa se tratava de um documento "para descarte". Uma  explicação ridícula.

Nos quatro anos que ficou no poder, Bolsonaro participou e estimulou atos antidemocráticos e insuflou seguidores a pensarem que poderia fazer algo à força e que teria apoio das Forças Armadas. No evento na Avenida Paulista, em que ele xingou Alexandre de Moraes e disse que respeitaria ordens judiciais.

 

2 comentários:

Anônimo disse...

B O L S O I G N A R O

ADEMAR AMANCIO disse...

Que ''não respeitaria ordens judiciais'',deve ser isso que ela quis dizer.