O Globo
Documento encontrado na casa de Anderson Torres confirma as intenções golpistas do antigo governo
O que o governo Bolsonaro planejava:
substituir o TSE por uma comissão inconstitucional de maioria de
militares que decidiria qual era o resultado das eleições. A
minuta do golpe encontrada na casa do ex-ministro da Justiça, Anderson Torres,
descortinou o plano do ex-presidente Bolsonaro. Plano este que ele e seus
seguidores repetiam o todo tempo nas manifestações: uma intervenção militar com
Bolsonaro no poder.
Vários vezes ele fazia declarações cheias
de ambiguidades e deixava no ar que algo iria acontecer. Falava que sempre
trabalharia nas quatro linhas da constituição. O plano que está nessa minuta
era decretar o estado de defesa. O estado de defesa é um instrumento legal à disposição
do chefe do Executivo. Só que ele usaria essa possibilidade constitucional de
forma totalmente distorcida, para intervir apenas no TSE.
No documento, o tribunal seria substituído por uma comissão de regularidade eleitoral, de 15 integrantes, sendo oito deles indicados pelo Ministério da Defesa. E o sigilo de correspondência e telemático dos ministros seria quebrado. O caminho era quebrar a ordem democrática para mudar o resultado eleitoral, fazendo de conta que estava usando um instrumento constitucional..
A ação descrita na minuta é muito parecida
com o método do ex-presidente da Venezuela, Hugo Chávez, nome que Bolsonaro
sempre ligou à esquerda. Chávez, um coronel que saiu do Exército por tentativa
golpista, quando chegou ao poder por meio do voto, seu primeiro alvo foi
exatamente o tribunal eleitoral venezuelano, a Comissão Nacional Eleitoral.
Assim, um governo eleito democraticamente acabaria virando, como virou, uma
autocracia.
O nome disso é golpe e aquela minuta tem
que ser explicada por Torres, que afirmou, por meio das redes sociais, que o
documento encontrado pela Polícia Federal em sua casa se tratava de um
documento "para descarte". Uma explicação ridícula.
Nos quatro anos que ficou no poder,
Bolsonaro participou e estimulou atos antidemocráticos e insuflou seguidores a
pensarem que poderia fazer algo à força e que teria apoio das Forças Armadas.
No evento na Avenida Paulista, em que ele xingou Alexandre de Moraes e disse
que respeitaria ordens judiciais.
2 comentários:
B O L S O I G N A R O
Que ''não respeitaria ordens judiciais'',deve ser isso que ela quis dizer.
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