Folha de S. Paulo
Cláudio Castro ainda propõe a mexicanização
do problema, com agência antidrogas dos EUA atuando no Rio
Pelo longo tempo que se gastou em estudos,
debates e xingamentos, era de supor que a PEC da Segurança Pública chegasse
ao Congresso pronta
para votação, pois o assunto é para ontem. Quem dera.
O presidente da Câmara, Hugo Motta, garantiu que a proposta —com relatoria do deputado Mendonça Filho, opositor do Planalto— sofrerá alterações. Depois tentou contemporizar: "O único apelo que faço é que a gente não permita a politização da discussão". Diante do clima aguardado, politização é uma palavra suave demais. A meteorologia em Brasília prevê barracos e sururus.
A PEC do ministro Lewandowski é
a resposta tardia para aqueles que afirmam, com razão, que o governo petista
tem dificuldade em lidar com o tema da segurança. Atribuir à Polícia Federal a
investigação de organizações criminosas e milícias privadas com atuação
interestadual e internacional é bom começo.
Alguns governadores, sobretudo aqueles que
fazem do combate à criminalidade plataforma eleitoral, são contrários. Cláudio
Castro prefere implorar ajuda aos EUA (como se eles soubessem o que
fazer). Castro propõe a mexicanização da crise —permitir que a Agência de
Controle de Drogas (DEA) aja em favelas do Rio.
No meio da confusão, alguém sempre se dá bem.
Gente que não está nem aí com a hora do Brasil. Tampouco com o governo, com a
oposição e muito menos com os que sofrem na pele o problema da violência. O
provável é que deputados e senadores vejam a PEC como mais uma maneira de se
proteger e aumentar o próprio poder.
Vimos um exemplo recente: a jogada
inconstitucional para beneficiar Alexandre Ramagem —não só ele como todos os
outros denunciados no processo da trama golpista. O ardil não deu certo, mas o
grupo formado pelos bolsonaristas e integrantes do centrão descobriu um caminho
para questionar os mais de 80 inquéritos no STF sobre desvios de dinheiro em
emendas parlamentares.
Não duvide se a PEC da Segurança virar a PEC
da Blindagem, impedindo operações policiais contra congressistas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário