O Estado de S. Paulo
Risco de Lula é eleitor trocar a ‘defesa da democracia’ de 2022 pela ‘anticorrupção’ em 2026
O maior risco do presidente Lula, talvez do País, é a troca da bandeira decisiva de 2022, democracia, para uma outra, demolidora, em 2026, corrupção. Lula conquistou o terceiro mandato e impediu o segundo de Jair Bolsonaro na onda da defesa democrática e precisa ser mais ágil e convincente para não chegar à próxima eleição afogado pela narrativa da corrupção, fantasma que o acompanha desde mensalão e Lava Jato.
Enquanto Lula, seu governo e seus aliados
empacaram na era analógica, seus opositores, que foram capazes de articular um
golpe de Estado, prevendo inclusive seu assassinato, estão lá adiante no
planeta digital, com muito dinheiro, articulados, organizados e estratégicos,
conquistando milhões de corações e almas.
Melhor exemplo é o INSS. O governo Lula tem
culpas e defesas, mas o vídeo do deputado/ator Nikolas Ferreira tem
impressionante esmero técnico e político, potencializando culpas, escondendo
defesas e entregando um produto de grande eficácia para massificar a palavrinha
maldita, “corrupção”, e atingir Lula no fígado.
Nikolas teve mais de 130 milhões de
visualizações. Ao reagir, a ministra Gleisi Hoffmann e o deputado Lindbergh
Farias não chegaram a um milhão, enquanto o governo produzia cartilhas (não
lidas) e justificava que, de 12 entidades, nove foram criadas no governo
Bolsonaro, quatro destas no segundo semestre de 2022, em plena eleição, e
começaram a “colher frutos” e a multiplicar a roubalheira em 2023, no atual
governo.
A oposição avança celeremente e Lula anda a
passos de tartaruga. O uso da FAB para resgatar a ex-primeira-dama do Peru,
condenada por corrupção envolvendo justamente a Odebrecht do petrolão, foi um
erro. A espera de mais de dois anos para afastar Juscelino Filho do Ministério
das Comunicações foi outro, diretamente de Lula. A demora para se livrar de
Carlos Lupi, nem se fala. E o que dizer sobre a troca de Lupi por seu braço
direito na Previdência?
Além dos erros, vieram as versões e o recuo
sobre o Pix, numa jogada suja e bem-sucedida da oposição, e as más lembranças
do petrolão e do mensalão, com a prisão e depois a tornozeleira de Fernando
Collor, que se livrou da Justiça nos desvios do seu governo, mas foi condenado
por corrupção na BR Distribuidora, subsidiária da Petrobras, exatamente nos
primeiros mandatos de Lula.
Agora, explode o caso INSS e pode não ficar
nisso, depois de uma trava no Vale+, programa do, ora, ora, INSS, operado pelo
PicPay, um aplicativo bancário da holding de Joesley e Wesley Batista, da
J&F, que, vira e mexe, aparecem embolados com Lula e o PT. Por que o
governo suspendeu o Vale+?
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