sábado, 16 de maio de 2009

PSDB afina discurso pró-Bolsa Família

Wagner Gomes
DEU EM O GLOBO

Estratégia dos tucanos para 2010 será dizer que programa precisa ser aperfeiçoado


SÃO PAULO. O PSDB adotou o discurso de que não pretende discutir a paternidade do Bolsa Família, mas prepara, para a campanha presidencial de 2010, uma grande defesa do programa, principalmente no Nordeste. O presidente nacional do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), disse que, independentemente do candidato a ser escolhido pelo partido, as propostas tucanas no campo social terão destaque no programa de governo. A preocupação é mostrar que iniciativas como o Bolsa Família serão ampliadas na gestão tucana.

— A idéia não é discutir paternidade, mas vamos oficializar o que fizemos durante o governo Fernando Henrique Cardoso e dizer que fizemos muito mais do que a população conhece. Vamos também reconhecer que o programa é parte positiva e bem-sucedida do atual governo, mas que precisa ser melhorado e ampliado — disse Guerra.

O Bolsa Família foi lançado em setembro de 2004 como um programa de transferência direta de renda para famílias em situação de pobreza, com pagamentos mensais de R$ 69,01 a R$ 137. Trata-se, lembram os tucanos, de uma reformulação e ampliação do Bolsa Escola, adotado pelo governo Fernando Henrique. Na visão dos tucanos, o Bolsa Família distribui dinheiro para a população pobre, mas não melhora o nível de vida dos beneficiados.

Segundo o presidente do PSDB, dois milhões de pessoas poderiam ser incorporadas ao programa, se ele fosse mais eficiente.

Guerra propõe ainda uma discussão que leve em consideração o crescimento econômico e a necessidade de aumento do emprego. O tema foi amplamente discutido no início da semana no seminário “PSDB e as políticas sociais: passado, presente e futuro”, realizado em João Pessoa (PB). Além dos tucanos, participaram aliados do PPS e do DEM.

O secretário nacional do PSDB, deputado Rodrigo de Castro (MG), disse que o partido vai retomar a bandeira das políticas sociais, hoje nas mãos do PT. Um dos líderes do DEM paulista e importante aliado do governador José Serra (PSDB), que preferiu não ser identificado, disse ontem em São Paulo que o Bolsa Família funciona como um excelente programa eleitoral para qualquer candidato. Para ele, os tucanos e seus aliados não poderão ser acusados de tentar paralisar o Bolsa Família.

Serra também anunciou medidas na área social

O governo Serra anunciou recentemente iniciativas na área social: será oferecido aos desempregados um curso de qualificação remunerado, como outra forma de transferência de renda.

A pessoa beneficiada não pode estar recebendo auxílio-desemprego, precisa ter entre 30 e 59 anos, o segundo grau incompleto e ser, preferencialmente, chefe de família. O curso tem 200 horas, sendo 80 de habilitação específica e 120 de reforço de ensino fundamental. O curso é gratuito e o interessado ganha R$ 210 por mês durante os três meses de duração do curso.

Segundo a Secretaria do Emprego e Relações do Trabalho, a possibilidade de a pessoa que conclui o curso obter um emprego é muito grande. A ideia é a de que o beneficiado arrume emprego e não fique a vida toda dependendo da ajuda do governo, uma das críticas que os tucanos fazem hoje à forma como o Bolsa Família vem sendo administrado pelo governo Lula.

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