sábado, 16 de maio de 2009

Itamar mais próximo da filiação ao PPS

Ricardo Beghini e Luiz Carlos Azedo
DEU NO CORREIO BRAZILIENSE


Até o fim de junho, o ex-presidente deve definir a entrada na legenda, que vê no político mineiro trunfo na sucessão de 2010

Sem partido desde 2006, quando deixou o PMDB pela quarta vez, o ex-presidente Itamar Franco está muito perto de se filiar ao Partido Popular Socialista (PPS). “Acredito que, até o final de junho, tenhamos uma definição”, revelou. Apesar do bom relacionamento com o presidente da sigla, Roberto Freire, que foi seu líder de governo na Câmara, entre 1992 e 1994, e do bom trânsito com os dirigentes estaduais da legenda, a filiação de Itamar ainda esbarra na postura oficial do PPS em questões consideradas cruciais para o ex-presidente.

A maior delas é ao posicionamento da sigla na disputa interna tucana para a vaga de candidato à Presidência da República. Itamar é aliado incondicional do governador de Minas, Aécio Neves (PSDB). A cúpula do PPS, por sua vez, embora tenha voltado atrás, chegou a sinalizar adesão ao nome de José Serra (PSDB). “O PPS hoje deve se resguardar politicamente em nível nacional”, sugeriu. Há meses, o ex-presidente da República discute com os dirigentes do PPS em Minas seu ingresso na legenda.

As negociações são conduzidas por dois veteranos integrantes da Executiva Nacional, Paulo Elisiário e Juca Amorim, que comandam a seção mineira e foram os articuladores da candidatura de Ciro Gomes a presidente da República pela legenda em 1998. Eles já se reuniram duas vezes com Itamar e, graças a isso, evitaram o apoio formal da legenda à candidatura de José Serra. Depois de São Paulo, a seção mineira é a mais estruturada da legenda e exerce grande influência na direção nacional.

O PPS fará seu congresso nacional em agosto. O pacto na cúpula do PPS é discutir com Itamar o cargo ao qual o ex-presidente da República pretende concorrer tão logo o PSDB escolha seu candidato a presidente da República. Apesar de amigo de José Serra, Roberto Freire trata Itamar com muita deferência e vê seu ingresso na legenda como um trunfo na sucessão de Lula em 2010.

Diferenças tucanas

Itamar Franco destaca as diferenças de conduta entre o Aécio Neves e José Serra, que concorrerão às prévias do partido em fevereiro do ano que vem. “Serra atua nos bastidores. Aécio joga mais aberto.” O ex-presidente até alfinetou o tucano paulista, que, segundo ele, se apresenta como pai dos remédios genéricos, cometendo uma injustiça com o seu governo. A ideia dos genéricos, de acordo com ele, foi de Jamil Haddad, ministro da Saúde de Itamar. “Vamos ter que contestá-lo”, avisou. Para Itamar, as diferenças em as duas maiores lideranças nacionais do PSDB, no entanto, não podem ultrapassar o âmbito partidário. Caso contrário, as chances de uma vitória contra o candidato governista, em 2010, serão ainda menores. “Se houver uma ruptura entre os dois estados, será muito difícil”, disse ele, rechaçando qualquer possibilidade de seu nome ser usado com ponte política entre Minas e São Paulo.

Itamar não concorda com outra tese política, que, segundo ele, foi defendida pelo PPS: as listas fechadas, que priorizam a escolha do partido na votação. O eleitor, nesta hipótese, vota de acordo com uma relação de candidatos apresentada pelo partido, previamente definida numa convenção. O voto irá diretamente para o partido e ajudará a eleger os candidatos da lista. “É preciso saber se eles vão me deixar falar o que eu penso”, afirmou. Com disposição e bom-humor, o ex-presidente deixou claro que não quer ser um mero coadjuvante no PPS: “É preciso saber se eles vão me deixar falar o que eu penso”.

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