DEU EM O GLOBO
Dutra encaminhou à PF pedido para que se apure participação de Amaury Ribeiro Jr. no vazamento de dados de tucanos
Gerson Camarotti
BRASÍLIA. A cúpula do PT deu entrevista ontem para dizer que vai pedir à Polícia Federal que investigue suposta origem mineira do dossiê com a violação de sigilos fiscais de tucanos. Dentro dessa estratégia, o presidente do PT, José Eduardo Dutra, encaminhou petição à PF para que seja apurada a participação do jornalista Amaury Ribeiro Junior no vazamento de informações sigilosas de pessoas ligadas ao presidenciável do PSDB, José Serra. Amaury, porém, trabalhou até maio deste ano para o núcleo de inteligência da campanha da petista Dilma Rousseff.
Dutra afirmou que encaminhou a petição com base em três matérias jornalísticas das revistas "Época" e "Carta Capital" e do jornal "Folha de S.Paulo" que citam a apuração conduzida pelo repórter Amaury Ribeiro Júnior sobre supostas irregularidades nas privatizações no governo FH. Para Dutra, há paralelo entre a apuração jornalística e a quebra de sigilo de tucanos ligados a Serra.
O dirigente petista acrescentou que essa relação é que justifica o pedido para que a PF apure a ligação entre os dois episódios. Ele levantou a suspeita de que o jornalista poderia ser o elo entre os dois episódios.
Mas os petistas decidiram ter o controle desse material que estava sendo investigado por Amaury. Na ocasião, ele tinha acabado de sair do jornal "O Estado de Minas". O PT sempre negou que o partido tivesse conhecimento desse dossiê. Até o fim do ano passado, Amaury trabalhava para "O Estado de Minas". Em junho deste ano, a direção do jornal informou que, quando Amaury deixou "O Estado de Minas", essa investigação não estava concluída.
- Não estamos fazendo ilação de coisa nenhuma. Nós estamos apresentando matérias que apareceram na imprensa. O PT não desconfia de ninguém, mas queremos que se investigue. Queremos que as pessoas envolvidas sejam ouvidas para saber quais documentos foram obtidos, de que maneira e se há alguma relação com o suposto dossiê - disse Dutra.
Amaury virou pivô do escândalo do dossiê depois que participou, em abril, de reunião com arapongas para formar o núcleo de inteligência da campanha petista. Amaury tinha sido contratado pelo jornalista Luiz Lanzetta, dono da empresa responsável pela comunicação da pré-campanha petista. Desde o ano passado, Lanzetta trabalhava informalmente com o PT. Dilma ainda era a chefe da Casa Civil, mas já tinha sido formado um grupo de petistas para cuidar da campanha.
Como revelou O GLOBO em 1º de junho, Lanzetta foi parar na pré-campanha de Dilma pelas mãos do ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel. Os dois trabalharam na eleição do prefeito de Belo Horizonte, Márcio Lacerda, em 2008, que também teve o apoio do PSDB. Ainda integrou a equipe Benedito Oliveira Neto, da companhia de eventos Dialog. Este ano, Bené, como é conhecido, foi figura frequente na mansão do QI 5 do Lago Sul, onde estava instalado o bunker de comunicação e internet da campanha de Dilma.
O acerto feito com Amaury foi para a produção de um livro-dossiê com as investigações feitas por ele contra Serra, que seria divulgado durante a campanha.
Foi dessa forma que Amaury foi integrado originalmente à campanha petista. Só em abril, com a oficialização da pré-campanha, é que houve a decisão de um grupo do PT de ampliar o núcleo de inteligência do comitê de Dilma. Foi neste contexto que Lanzetta, Bené e Amaury participaram do encontro, em abril, com o delegado aposentado da PF Onézimo das Graças Sousa.
- O jornalista Amaury não teve participação nenhuma na campanha. Pessoalmente, não o conheço. O PT tinha um contrato com a empresa do senhor Lanzetta. Foi a relação de um partido com a empresa. É público e notório que o PT tinha contrato com a Lanza, mas não podemos ter responsabilidade pelas relações dessa empresa com outras pessoas - alegou Dutra.
O presidente do PT acrescentou que o contrato da legenda com a Lanza só ocorreu em abril. Mas, bem antes, a empresa de Lanzetta já fazia trabalhos para a campanha. Em fevereiro, no Congresso Nacional do PT, Lanzetta já circulava como o responsável pela comunicação do partido. Na ocasião, Dilma ainda era a chefe da Casa Civil.
Em entrevista ao site G1, em junho, Amaury disse que foi ele quem convidou o delegado Onézimo para a reunião do caso do suposto dossiê. Ele disse ainda que teve dados furtados de seu computador quando estava hospedado num hotel em Brasília.
Na ocasião, ele disse que os dados faziam parte de um livro sobre as privatizações dos governos de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002). Ele sugeriu que a subtração dos dados de seu computador era consequência da disputa de poder na pré-campanha de Dilma entre as alas paulista e mineira do PT, esta última encabeçada pelo ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel, também coordenador da pré-campanha. Procurado ontem pelo GLOBO, ele não retornou o pedido de entrevista.
Dutra encaminhou à PF pedido para que se apure participação de Amaury Ribeiro Jr. no vazamento de dados de tucanos
Gerson Camarotti
BRASÍLIA. A cúpula do PT deu entrevista ontem para dizer que vai pedir à Polícia Federal que investigue suposta origem mineira do dossiê com a violação de sigilos fiscais de tucanos. Dentro dessa estratégia, o presidente do PT, José Eduardo Dutra, encaminhou petição à PF para que seja apurada a participação do jornalista Amaury Ribeiro Junior no vazamento de informações sigilosas de pessoas ligadas ao presidenciável do PSDB, José Serra. Amaury, porém, trabalhou até maio deste ano para o núcleo de inteligência da campanha da petista Dilma Rousseff.
Dutra afirmou que encaminhou a petição com base em três matérias jornalísticas das revistas "Época" e "Carta Capital" e do jornal "Folha de S.Paulo" que citam a apuração conduzida pelo repórter Amaury Ribeiro Júnior sobre supostas irregularidades nas privatizações no governo FH. Para Dutra, há paralelo entre a apuração jornalística e a quebra de sigilo de tucanos ligados a Serra.
O dirigente petista acrescentou que essa relação é que justifica o pedido para que a PF apure a ligação entre os dois episódios. Ele levantou a suspeita de que o jornalista poderia ser o elo entre os dois episódios.
Mas os petistas decidiram ter o controle desse material que estava sendo investigado por Amaury. Na ocasião, ele tinha acabado de sair do jornal "O Estado de Minas". O PT sempre negou que o partido tivesse conhecimento desse dossiê. Até o fim do ano passado, Amaury trabalhava para "O Estado de Minas". Em junho deste ano, a direção do jornal informou que, quando Amaury deixou "O Estado de Minas", essa investigação não estava concluída.
- Não estamos fazendo ilação de coisa nenhuma. Nós estamos apresentando matérias que apareceram na imprensa. O PT não desconfia de ninguém, mas queremos que se investigue. Queremos que as pessoas envolvidas sejam ouvidas para saber quais documentos foram obtidos, de que maneira e se há alguma relação com o suposto dossiê - disse Dutra.
Amaury virou pivô do escândalo do dossiê depois que participou, em abril, de reunião com arapongas para formar o núcleo de inteligência da campanha petista. Amaury tinha sido contratado pelo jornalista Luiz Lanzetta, dono da empresa responsável pela comunicação da pré-campanha petista. Desde o ano passado, Lanzetta trabalhava informalmente com o PT. Dilma ainda era a chefe da Casa Civil, mas já tinha sido formado um grupo de petistas para cuidar da campanha.
Como revelou O GLOBO em 1º de junho, Lanzetta foi parar na pré-campanha de Dilma pelas mãos do ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel. Os dois trabalharam na eleição do prefeito de Belo Horizonte, Márcio Lacerda, em 2008, que também teve o apoio do PSDB. Ainda integrou a equipe Benedito Oliveira Neto, da companhia de eventos Dialog. Este ano, Bené, como é conhecido, foi figura frequente na mansão do QI 5 do Lago Sul, onde estava instalado o bunker de comunicação e internet da campanha de Dilma.
O acerto feito com Amaury foi para a produção de um livro-dossiê com as investigações feitas por ele contra Serra, que seria divulgado durante a campanha.
Foi dessa forma que Amaury foi integrado originalmente à campanha petista. Só em abril, com a oficialização da pré-campanha, é que houve a decisão de um grupo do PT de ampliar o núcleo de inteligência do comitê de Dilma. Foi neste contexto que Lanzetta, Bené e Amaury participaram do encontro, em abril, com o delegado aposentado da PF Onézimo das Graças Sousa.
- O jornalista Amaury não teve participação nenhuma na campanha. Pessoalmente, não o conheço. O PT tinha um contrato com a empresa do senhor Lanzetta. Foi a relação de um partido com a empresa. É público e notório que o PT tinha contrato com a Lanza, mas não podemos ter responsabilidade pelas relações dessa empresa com outras pessoas - alegou Dutra.
O presidente do PT acrescentou que o contrato da legenda com a Lanza só ocorreu em abril. Mas, bem antes, a empresa de Lanzetta já fazia trabalhos para a campanha. Em fevereiro, no Congresso Nacional do PT, Lanzetta já circulava como o responsável pela comunicação do partido. Na ocasião, Dilma ainda era a chefe da Casa Civil.
Em entrevista ao site G1, em junho, Amaury disse que foi ele quem convidou o delegado Onézimo para a reunião do caso do suposto dossiê. Ele disse ainda que teve dados furtados de seu computador quando estava hospedado num hotel em Brasília.
Na ocasião, ele disse que os dados faziam parte de um livro sobre as privatizações dos governos de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002). Ele sugeriu que a subtração dos dados de seu computador era consequência da disputa de poder na pré-campanha de Dilma entre as alas paulista e mineira do PT, esta última encabeçada pelo ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel, também coordenador da pré-campanha. Procurado ontem pelo GLOBO, ele não retornou o pedido de entrevista.
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