DEU EM O GLOBO
Depois de ser alvo de várias denúncias, presidente do Senado indica dois ministros e mostra força no novo governo
Depois de ser alvo de várias denúncias, presidente do Senado indica dois ministros e mostra força no novo governo
Adriana Vasconcelos
BRASÍLIA. Durante o jantar que selou a nomeação dos cinco ministros do PMDB no futuro governo de Dilma Rousseff, o presidente Lula deu as explicações que alguns buscavam sobre o grande poder de influência do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), nesta composição. Em um discurso de improviso, Lula rendeu suas homenagens a Sarney, a quem se referiu como seu "grande amigo e conselheiro", que nunca lhe faltou nos momentos mais difíceis de seus oito anos de mandato.
- Tenho muita honra de ser seu amigo. Nunca ninguém vai conseguir nos intrigar. Pude contar com sua lealdade e seus conselhos nos momentos mais difíceis de meu governo - reconheceu Lula na mesa principal do jantar oferecido pelo senador eleito Eunício Oliveira (PMDB-CE).
Nomeação de Garibaldi é vista como um golpe de mestre
Além da gratidão de Lula, outro fator que contribuiu para que Sarney emplacasse pelo menos dois maranhenses na equipe de Dilma - o senador Edison Lobão no Ministério das Minas e Energia e o deputado federal Pedro Novais na pasta do Turismo - foi sua influência política não só no Senado como na Câmara.
E a nomeação do senador Garibaldi Alves (PMDB-RN) para o Ministério da Previdência ainda está sendo vista como um golpe de mestre do próprio Sarney, já que tira o colega de seu caminho na disputa pela reeleição para a presidência do Senado em fevereiro.
Nas eleições de outubro passado, Sarney não só viu sua filha, Roseana Sarney, ser reeleita em primeiro turno para o governo do Maranhão como também comemorou a eleição de dois aliados como senadores: Edison Lobão e João Alberto. E a coligação de Roseana elegeu ainda 13 dos 18 deputados federais da bancada maranhense. Além disso, Sarney também assegurou a reeleição de outro companheiro de partido no Amapá, o senador Gilvam Borges.
Jogando em dobradinha com o líder da bancada peemedebista, senador Renan Calheiros (AL), o poder de fogo de Sarney no Congresso Nacional se ampliou nos últimos anos para além do seu partido e das bancadas do Maranhão e do Amapá. Tanto que Sarney e Renan passaram a ter uma interlocução privilegiada com Lula, que retribuiu o apoio salvando a ambos de perderem seus mandatos em processos por quebra de decoro parlamentar.
Há quem diga, contudo, que ter essa dupla na base aliada é fundamental para qualquer governo, muito menos pelos votos que controlam e mais pela capacidade que os dois teriam, como adversários, de criar problemas.
Depois de ter sido contemplado com uma cota no governo Dilma maior do que a oferecida a vários partidos da base aliada, a expectativa é que Sarney ajude a presidente eleita a conter insatisfações entre os peemedebistas, que não escondem sua frustração diante das pastas oferecidas ao partido.
O ex-governador Eduardo Braga (PMDB-AM) é um desses insatisfeitos. Embora tivesse o apoio da bancada para assumir uma vaga na Esplanada dos Ministérios, Braga recusou a oferta para que fosse para o Ministério da Previdência. E, para piorar a situação, um dos postos em que estava de olho, o Ministério dos Transportes, acabou indo para um adversário político do estado, o senador Alfredo Nascimento (PR-AM). É um insatisfeito declarado.
Renan, que deverá ajudá-lo na pacificação do partido no Senado, já planeja uma aproximação de alguns senadores peemedebistas que fizeram campanha para o candidato tucano à Presidência, José Serra, como o ex-governador Luiz Henrique (SC).
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