Parlamentares reclamam da atuação dos ministros Luiz Sérgio e Palocci
Na votação da MP que trata do trem-bala, 63% dos senadores do PMDB votaram contra ou não compareceram à sessão
Catia Seabra e Natuza Nery
BRASÍLIA – A insatisfação da base aliada com o Palácio do Planalto extrapolou os bastidores e começa a se traduzir em votações no Congresso, transformando o ministro da Casa Civil, Antonio Palocci, em alvo das reclamações.
Há tempo descontentes com a retenção de emendas parlamentares e a lentidão na ocupação de cargos, deputados e senadores passaram também a reclamar do "descaso" do governo.
O PMDB, um dos principais sócios da aliança, já deu um recado na votação do trem-bala na última quarta-feira: 63% de seus senadores ou votaram contra ou não compareceram ao plenário para apoiar o Executivo.
No Planalto, a avaliação é de que o resultado seria pior se a votação fosse secreta.
Naquela noite, o ministro Luiz Sérgio (Relações Institucionais) não estava lá, tampouco telefonou para monitorar o trabalho do líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR).
Coube ao presidente interino, Michel Temer, conter a rebelião em seu partido.
O governo já detectou o clima ruim e busca medidas para debelar a potencial crise.
Para evitar que retaliações em plenário comprometam projetos estratégicos, como o do Imposto de Renda, promete solução para liberar emendas represadas, e fala em acelerar a nomeação para o segundo escalão.
PALOCCI ARTICULADOR
Apesar do título, Luiz Sérgio não é identificado como o articulador político do governo. O posto é, informalmente, dado a Palocci, já que todas as indicações para cargos passam por ele.
Ocorre que o chefe da Casa Civil assumiu o ministério com a incumbência de tocar apenas os grandes temas no Legislativo. No Congresso, a queixa é corrente: "o ministro que decide, não recebe; e o que recebe, não decide".
"Falei para o [senador Fernando] Collor: "a gente precisa dar uma estruturadinha na oposição"", brincou o líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL), após tensa reunião da bancada.
Em defesa de Luiz Sérgio, o líder do governo disse que sempre trata com ele a agenda legislativa. Mas admitiu que o ministro não telefone para acompanhar a votação do trem-bala.
Por intermédio de sua assessoria, o ministro das Relações Institucionais afirmou ter recebido 99 parlamentares da base no último mês.
O problema, apontam governistas, não é a quantidade de audiências, mas a falta de resultado.
FONTE: FOLHA DE S. PAULO
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