Ruben Berta
RIO - Enquanto sofre com a falta de professores, a Secretaria estadual de Educação ainda tem dificuldades para levar profissionais de volta para as salas de aula da rede. Um levantamento feito pelo GLOBO mostra que há na Assembleia Legislativa 158 servidores cedidos pelo órgão, sendo 128 deles docentes. Ao todo, são 1.605 que trabalham atualmente em outras secretarias, fundações, autarquias ou prefeituras. Desde o início do ano, quando a Secretaria de Educação anunciou que não iria mais arcar com os vencimentos de quem está fora da rede de ensino, já foram chamados de volta para as escolas 420 profissionais. A economia com os salários daqueles que não retornaram chegaria a R$ 2 milhões mensais.
Secretaria recadastrou 2.025 servidores cedidos
A Secretaria de Educação não quis comentar os dados. Havia, no início deste ano, 2.025 profissionais cedidos que passaram por um recadastramento. Dos 420 que retornaram, 298 são professores e 122, servidores de apoio. Estes últimos voltaram de escolas de ensino fundamental municipalizadas. A maioria daqueles que continuam sem estar subordinados ao órgão trabalha em colégios da Fundação de Apoio à Escola Técnica (Faetec), voltada para o ensino profissional e sob a tutela da Secretaria de Ciência e Tecnologia. No total, são 678 profissionais.
Em janeiro deste ano, a Secretaria de Educação estipulou um prazo de 30 dias para que os funcionários cedidos se reapresentassem e fosse avaliado com os órgãos se eles queriam continuar com os profissionais, mesmo tendo que arcar com seus salários. Dos 2.025, apenas cinco não teriam aparecido até hoje, o que vai provocar a suspensão dos seus vencimentos.
Além dos 2.025 que passaram pelo pente-fino, ainda há 832 profissionais que continuam sendo pagos pela Secretaria estadual de Educação, apesar de já trabalharem há pelo menos um ano em unidades que foram municipalizadas. O órgão estaria negociando com os municípios uma transição, apesar de muitas prefeituras, principalmente de pequenas cidades, alegarem que não têm condições de arcar com os salários desses servidores.
Enquanto isso, conforme O GLOBO noticiou nesta semana, ainda há 3.741 vagas a serem preenchidas nas salas de aula . Há quatro disciplinas mais críticas. O déficit em filosofia é de 414 professores; em sociologia, de 352; em geografia, de 268; e em química, de 142. Os números também preocupam em matemática (faltam 205 docentes) e física (216). A Secretaria de Educação está com um concurso em andamento, que deve suprir as carências.
Sobre os profissionais que continuam na Alerj apesar da carência nas escolas, a assessoria do presidente da Casa, deputado Paulo Melo (PMDB), informou que a manutenção dos servidores é uma decisão de cada gabinete. Melo afirmou que em sua gestão todos os vencimentos dos servidores cedidos estão sendo pagos pela Alerj.
Deputado estadual tem 4 professores no gabinete
Presidente da Comissão de Educação, o deputado Comte Bittencourt (PPS) confirmou que é um dos que usam professores em seu gabinete:
- Tenho quatro professores trabalhando comigo há muito tempo. Eles são importantes porque a minha principal área de atuação é educação. Agora, cada deputado deve ter o bom senso de avaliar se aquele profissional é mesmo necessário para ele, levando-se em conta que há uma necessidade de docentes na rede.
Além dos servidores cedidos, o estado tem oito mil professores de licença, a maioria por problemas de saúde. Até o fim deste semestre deve ser contratada uma empresa que vai fazer uma revisão desse quadro.
FONTE: O GLOBO
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