quinta-feira, 12 de maio de 2011

Serra diz que Dilma teve uma herança adversa e classifica o governo como 'hesitante'

Para tucano, governo Dilma é ‘hesitante’ e teve ‘herança adversa’, referindo-se à volta da ameaça da inflação

Luiza Damé

Serra diz que oposição ainda não encontrou caminho

BRASÍLIA - O vice-presidente Michel Temer se reuniu, nesta quarta-feira, com o ex-governador de São Paulo e ex-candidato à Presidência, José Serra (PSDB), para tratar de reforma política. Depois do encontro, que durou cerca de 40 minutos, Serra disse que ainda é cedo para avaliar o governo Dilma Rousseff, mas o classificou de "hesitante".

Serra: " Um doze avos é pouco tempo para avaliar um governo, mas tem se mostrado hesitante "

- Eu acho que é um governo hesitante. Teve uma herança muito adversa, basta lembrar a inflação. Mais do que a inflação, o fato de que não sobra outro instrumento para combater a inflação do que a âncora cambial, valorizando a moeda e prejudicando a atividade produtiva interna. A infraestrutura praticamente num pré-colapso. Um doze avos é pouco tempo para avaliar um governo, mas tem se mostrado hesitante - disse Serra.

Para Serra, neste momento, a oposição está se adaptando e se ajustando para encontrar seu caminho.

- A oposição foi muito bem na eleição, elegemos 11 governadores, que governam a maioria da população brasileira, e a votação foi boa, apesar de muitos fatores adversos. Então é natural que no período posterior haja uma reacomodação até que se encontre o caminho de atuação. É mais ou menos natural, não é um processo anômalo. Até o PT teve crise depois das eleições presidenciais em outro período. Não se trata de um vácuo, mas de um trabalho coletivo. Nessa caminhada podem aparecer pessoas que tenham mais destaque, mas isso depende da caminhada e não de um cargo - disse.

Na saída, o vice disse que ele e Serra têm ideias coincidentes para a reforma política nos municípios. Serra defendeu a adoção do voto distrital nas eleições municipais do próximo ano. Segundo ele, há no Congresso um projeto nesse sentido do senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP).

- Eu tenho defendido a tese do voto distrital já na próxima eleição municipal. Isto nas cidades com mais de 200 mil eleitores. Ou seja, nas cidades onde há segundo turno. Isso significaria 80 municípios cobrindo 40 milhões de pessoas. Seria uma mudança muito importante para o organismo político-eleitoral brasileiro e serviria como motivação para uma mudança no sistema eleitoral, que é a parte fundamental da reforma política - disse Serra.

Para o tucano, o sistema eleitoral brasileiro encarece as eleições, afasta o eleito do eleitor e enfraquece os partidos. Serra disse que a adoção do voto distrital, nas eleições para vereadores, a cidade de São Paulo teria colégios eleitorais de 150 mil eleitores; Porto Alegre, de 30 mil e Rio, de 50 mil.

FONTE: O GLOBO

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