terça-feira, 24 de maio de 2011

No Senado, oposição pede a saída de Palocci

"Cabe ao ministro renunciar para evitar maiores danos ao governo ou cabe à presidente cortar na carne", diz Jarbas

Adriana Vasconcelos

BRASÍLIA. Enquanto a oposição se organiza para tentar criar uma CPI para investigar suspeitas de tráfico de influência contra o chefe da Casa Civil, Antonio Palocci, o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) usou ontem a tribuna para defender sua saída do governo. Para o peemedebista, que faz oposição ao Planalto, a permanência de Palocci aumenta o desgaste do Executivo. A oposição começa a recolher hoje assinaturas para a CPI.

- A vida pública implica sacrifícios, pelo menos era assim até um passado recente. Cabe ao ministro renunciar ao cargo para evitar maiores danos ao governo, ou cabe à própria presidente da República justificar sua fama de gerente intransigente, cortando na carne ao afastar o principal auxiliar - disse Jarbas num plenário quase vazio.

Na opinião de Jarbas, Palocci deveria seguir o exemplo do caseiro Francenildo dos Santos, que teve seu sigilo bancário quebrado com a cumplicidade do Ministério da Fazenda e da Caixa Econômica Federal:

- Francenildo fez a coisa certa, disse de onde veio o dinheiro que estava na sua conta. Para isso, ele se sacrificou e até expôs aspectos da sua vida privada. Resta agora Palocci fazer o mesmo. Se é que isso é possível.

Para o senador, o ministro não pode se esconder atrás da cláusula de confidencialidade de seus clientes:

- Esse segredo não é do interesse público e mantê-lo é incompatível com a permanência de Palocci na Casa Civil. Ele precisa escolher se deve fidelidade à opinião pública e aos eleitores ou às empresas que o levaram a multiplicar o patrimônio. Não se pode servir a dois senhores - disse. - Em se tratando de escândalos, a era petista bateu todos os recordes. Isso é fato.

Os senadores Álvaro Dias (PSDB-PR) e Ana Amélia Lemos (PP-RS) apoiaram Jarbas. Para Ana Amélia, de um partido governista, Dilma deveria fazer como o ex-presidente Itamar Franco, quando afastou o então ministro da Casa Civil Henrique Hargreaves, acusado de irregularidades no cargo:

Álvaro Dias criticou a cobrança do governo para que sua base não assine a CPI:

- Há uma máquina monumental de blindagem que tenta impedir, no Congresso, a fiscalização eficiente e a investigação indispensável quando as denúncias são consistentes.

O senador João Pedro (PT-AM) defendeu Palocci, pedindo à oposição que aguarde manifestação do Ministério Público sobre o caso.

Na tentativa de reunir as 27 assinaturas de senadores e 171 deputados para a CPI, líderes de PSDB, DEM, PPS e PSOL se reúnem hoje para traçar uma estratégia. O objetivo é buscar apoio de parlamentares governistas que se encontram descontentes com o silêncio do ministro.

FONTE: O GLOBO

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