terça-feira, 24 de maio de 2011

Governadores do PT: defesa cautelosa

Declarações sobre negócios de Palocci são evitadas em reunião em Brasília

Isabel Braga

BRASÍLIA. Reunidos em Brasília para discutir uma revisão dos juros das dívidas dos estados, os cinco governadores do PT fizeram uma defesa cautelosa do ministro da Casa Civil, Antonio Palocci, que tem sob suspeita o aumento substancial de seu patrimônio nos últimos anos. Eles evitaram tratar coletivamente da polêmica. As declarações de solidariedade ficaram por conta dos governadores Jaques Wagner (BA) e Marcelo Déda (SE).

O presidente do PT, Rui Falcão, que organizou o encontro dos governadores, foi sucinto:

- Entendemos que a questão política vem sendo conduzida de forma correta pelo governo e vamos aguardar as próximas iniciativas do ministro.

Para Jaques Wagner, o melhor caminho para esclarecer eventuais dúvidas sobre o patrimônio de Palocci é o Ministério Público e não o Congresso, que é palco de disputa política. Ele disse ainda que Palocci tem a seu favor o fato de ter declarado ao Imposto de Renda o apartamento de R$6,6 milhões, comprado ano passado, em São Paulo.

- O Congresso é uma Casa mais política, com todo respeito. Se quer esclarecimento, o Ministério Público é o melhor caminho. Tem um homem público envolvido, mas não tem coisa pública envolvida - afirmou. - O fato é explicado dentro da legalidade. O apartamento está no nome da empresa. Quem quer fazer caminho escuso não compra no próprio nome. É uma demonstração de tranquilidade. Quando não quer revelar, usa o expediente do laranja, caixa dois. As provas somam a favor dele. Não quis diluir.

- Ninguém foi buscar mistério, algo escondido. É o Imposto de Renda. Se alguém tivesse descoberto que ele não declarou, teríamos um caso concreto. A ida dele ou não ao Congresso é menos de mérito e mais uma questão política, de enfrentamento político. É natural a oposição agir assim, não é tentativa de desestabilização - disse Déda.

Jaques Wagner insistiu na tese de que Palocci fez tudo dentro da legalidade:

- Neste caso, não há envolvimento de verba pública. Não sei quais consultorias fez, não me interessa. Todo mundo pode ficar impressionado com o valor alto. Ilação, todos podem fazer. Eu sempre digo: não faço inocência presumida ou culpa presumida. O fato está explicado dentro da legalidade. Como o MP pediu explicações cabíveis, vamos ver se entende se é suficiente.

Também participaram do encontro Tarso Genro, governador do Rio Grande do Sul; Tião Viana, do Acre, e Agnelo Queiroz, do Distrito Federal.

Em São Paulo, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, voltou a defender Palocci. Para Cardozo, que almoçou com empresários do Lide (Grupo de Líderes Empresariais), Palocci não é suspeito de nada.

- Enriquecimento com causa justificada não é crime - disse Cardozo.

Segundo o ministro, que admitiu ser amigo de Palocci, a empresa do colega, a Projeto, trabalhava com cláusulas de confidencialidade e por isso o ministro não pode abrir os dados do faturamento e os nomes de seus clientes.

Cardozo não se pronunciou sobre o fato de o Coaf ter enviado à Delegacia de Crimes Financeiros da PF manifestação sobre uma transação bancária atípica em nome da Projeto:

- Não foi pedida nenhuma informação ao Coaf sobre o ministro Palocci nem especificamente sobre sua empresa Projeto.

FONTE: O GLOBO

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