Em grave crise, a economia da zona do euro ficou estagnada entre julho e setembro: avançou apenas 0,2%. O resultado levou analistas a preverem retração no último trimestre e recessão em 2012. A Grécia, por exemplo, teve retração de 5,2%
Europa a caminho da recessão
Economia da zona do euro fica estagnada no 3º trimestre. Analistas apostam em retração de outubro a dezembro
BRUXELAS, BERLIM, PARIS E ATENAS - A economia da zona do euro ficou estagnada no terceiro trimestre do ano, com avanço de apenas 0,2% frente aos três meses anteriores, segundo dados divulgados ontem pela Eurostat, o IBGE europeu. É o segundo trimestre consecutivo em que o Produto Interno Bruto (PIB, soma dos bens e serviços produzidos) apresenta esse resultado, o que está levando economistas a preverem retração na região no último trimestre no ano e um sombrio cenário de recessão já no início de 2012.
- A desaceleração vai aumentar nos próximos meses - disse Christoph Weil, economista do banco alemão Commerzbank. - Nós esperamos que o PIB (da zona do euro) caia já no último trimestre de 2011, a uma taxa de 0,25% sobre o terceiro trimestre.
A própria Comissão Europeia - braço executivo da União Europeia - prevê que a economia dos 17 países que usam o euro vai encolher 0,1% nos últimos três meses do ano. As previsões do órgão europeu e de economistas se baseiam no fato de que muitos governos da região têm adotado pacotes de austeridade, com cortes de gastos e aumentos de impostos, para enfrentar a dívida pública crescente. Inevitavelmente, as medidas de aperto fiscal levarão a uma queda na atividade econômica, fazendo da recessão (dois trimestres seguidos de contração) uma realidade próxima.
PIB da Grécia tem recuo de 5,2%
A economia grega, por exemplo, já está em recessão. No terceiro trimestre, o PIB recuou 5,2% na comparação com igual período de 2010, após ter despencado 7,4% no segundo trimestre, na mesma base de comparação - o país divulga apenas dados com variação anual. Diante dos números, o ministro das Finanças da Grécia, Evangelos Venizelos, advertiu que Atenas precisa ratificar rapidamente o segundo plano de resgate acordado com UE e Fundo Monetário Internacional (FMI) se quiser evitar a moratória.
- A ratificação deve ser feita o mais rápido possível - disse Venizelos no Parlamento, em debate que terminará hoje com uma votação de confiança para o novo gabinete de união nacional formado por socialistas e conservadores. - Este governo é a última oportunidade para a Grécia, pois a solidariedade europeia não está assegurada para sempre.
Portugal, que também recebeu ajuda financeira da UE e do FMI, está igualmente em recessão, com PIBs negativos desde o quarto trimestre de 2010. No último trimestre, a recessão se agravou, com retração de 0,4% ante o segundo trimestre, quando o país registrara queda de 0,1% na atividade econômica.
Além da fragilidade econômica de países periféricos da região, os problemas políticos que se abateram sobre a Itália, cujo ex-premier Silvio Berlusconi renunciou no fim de semana, têm abalado a confiança de empresários e investidores, contribuindo para o agravamento da crise. Ontem, os custos de captação de recursos de países europeus bateram novo recorde, entre eles Espanha. O país ibérico, que deve assistir à derrota do Partido Socialista de José Luis Zapatero nas eleições de domingo, ficou estagnado no terceiro trimestre do ano.
Em meio a números tão negativos, economistas não se perguntam mais se a Europa entrará em recessão e, sim, quanto tempo ela vai durar. François Cabau, do Barclays Capital, disse ontem que, se a confiança dos empresários continuar a cair, a recessão "pode ser mais ampla do que esperamos, reduzindo a demanda doméstica". Isso pode, inclusive, afetar a Alemanha, que parecia imune à crise.
Analista: Alemanha perdeu imunidade
A economia alemã, a maior da zona do euro, cresceu 0,5% entre julho e setembro. E o crescimento do segundo trimestre foi revisado de 0,1% para 0,3%. Para Carsten Brzeski, economista do ING, a expansão do país foi estimulada pelo euro fraco, pela política monetária expansionista e pelo baixo custo de financiamento do governo, o que tem atraído os investidores. No entanto, "com França e Itália aparentemente se afundando no redemoinho da crise da dívida, a economia alemã perdeu sua imunidade", advertiu Brzeski. A França, que anunciou semana passada pacote de austeridade de 18,6 bilhões, avançou 0,4% no terceiro trimestre, após ligeira queda de 0,1% nos três meses anteriores.
FONTE: O GLOBO
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