Em entrevista, titular do Trabalho usa números de empregos para criar agenda positiva, mas foge de questões sobre relação com ONG
Eduardo Bresciani, Célia Froufe
BRASÍLIA - Depois de ganhar uma sobrevida da presidente Dilma Rousseff, o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, tentou ontem implantar uma agenda positiva ao anunciar os números de contratações e demissões no País. Em entrevista coletiva, falou longamente sobre os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), mas irritou-se ao ser perguntado sobre as denúncias contra ele.
O ministro disse que não falaria do tema, ampliou o prazo para entregar informações prometidas ao Congresso e acabou por encerrar a coletiva sem dar explicações para as perguntas, sobretudo às relativas as suas relações com o diretor da ONG Pró-Cerrado, Adair Meira.
Para tentar montar um ambiente mais favorável, a coletiva sobre emprego foi realizada no auditório do prédio da pasta e não na sala pequena ao lado do gabinete do ministro, onde acontece todos os meses.
Dessa forma, Lupi pode entrar e sair escoltado por assessores sem um contato mais direto com os jornalistas. O bom humor e as piadas frequentes nesse tipo de entrevista foram substituídos por uma postura mais sisuda. Lupi entrou sem cumprimentar ninguém e antes de qualquer manifestação reclamou com a equipe por não ter uma televisão onde pudesse ver a apresentação preparada para a ocasião. Procurou depois amenizar o clima: "Eu não tive educação, me perdoem", disse, concluindo a frase com um bom-dia aos presentes.
Durante cerca de 20 minutos, ele falou sobre os dados do emprego, que não são tão favoráveis e mostram desaceleração. Usou até números relativos ao início do governo Lula para tentar vender boas notícias sobre o tema. A primeira pergunta sobre a crise política, porém, provocou uma reação imediata: "Não vou falar de crise, preciso trabalhar". Depois disso, salvo por algum esclarecimento pontual, o ministro não conseguiu prosseguir com a entrevista.
Lupi acabou até falando sobre a crise ao prometer enviar até terça-feira para o Congresso a prestação de contas da ONG Pró-Cerrado, onde, segundo a senadora Kátia Abreu (PSD-TO), poderia estar a explicação de quem pagou o voo do ministro pelo Maranhão. O Ministério do Trabalho nega que a nota do voo esteja nessa prestação de contas, como sugeriu a senadora.
FONTE: O ESTADO DE S. PAULO
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