A tímida largada de Fernando Haddad na capital pode induzir a uma avaliação errada sobre as possibilidades eleitorais do PT no Estado de São Paulo.
O partido montou sólida estratégia para tentar replicar nas prefeituras o apoio que costuma atrair nas campanhas a governador (de 30% a 35%). Hoje a legenda administra 68 dos 645 municípios paulistas -menos de 18% da população.
A primeira medida foi ampliar a presença da sigla no Estado. No dia da votação, em outubro, haverá diretórios petistas em 589 cidades, 184 a mais do que na ressaca das eleições de 2008. Comissões provisórias cuidarão de outras 52. Ou seja, em todo o Estado, apenas quatro municípios estão a descoberto.
A segunda medida foi lançar o máximo de candidatos próprios. Relatório entregue neste mês a Lula informa que já estão fechadas 311 chapas com o PT na cabeça. Projeta "alguma chance" de sucesso para 226 delas - e "muita" para 111.
O comando petista chegou a duas conclusões: a Presidência da República não será sua para sempre, ainda que outro mandato de Dilma pareça hoje ao alcance da mão, e a polarização com o PSDB está em vias de esgotamento -a campanha de reeleição de Geraldo Alckmin, em 2014, seria seu espasmo final.
Um novo adversário surgirá, talvez de dentro da atual coalizão federal -quem sabe o PSB do governador de Pernambuco, Eduardo Campos.
Nesse novo cenário, será mais do que desejável ter o controle do segundo e quinto maiores Orçamentos do país: São Paulo e sua capital.
Daí a necessidade de Dilma esquecer a promessa de não envolvimento e viajar para posar ao lado de Haddad. Daí o empenho do PT em digerir o ex-rival Gilberto Kassab, resgatar parceiros de mensalão e dar visibilidade a novos nomes, como Haddad e o ministro Alexandre Padilha (Saúde). Como o passado, o futuro do PT é muito paulista.
FONTE: FOLHA DE S. PAULO
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