Lula teria receio sobre sua imagem e eleições
SÃO PAULO. Um misto de preocupação eleitoral e vaidade é apontado por especialistas em comunicação e ciência política como o pano de fundo das mais recentes movimentações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva -- a suposta tentativa de adiar o julgamento do mensalão e o trabalho nos bastidores para viabilizar a CPI do Cachoeira.
Para o professor de Comunicação Política da Universidade Federal de São Carlos, Fernando Antônio Azevedo, Lula e o PT já deram demonstrações de que estão apreensivos com o risco político que representa o julgamento do processo pelo Supremo Tribunal Federal às vésperas da eleição municipal.
- Como foi um grande escândalo político, quando o julgamento começar certamente será o foco de toda a mídia. Em ano eleitoral, ele vai reavivar na memória do eleitor todo aquele processo que teve o PT como principal envolvido há sete anos - afirmou o Azevedo.
Na cruzada empreendida por Lula a favor da CPI, o cientista político e professor da Universidade de Brasília, David Fleischer, vê motivações pessoais, além de políticas.
- Lula tem preocupação sobre como será tratado pela história. Como será lembrado o seu primeiro governo com o escândalo do mensalão. Não tenho dúvida que há muita vaidade e zelo pela própria imagem nesse processo todo -afirmou Fleischer.
Para Fleischer, o ex-presidente viu na CPI a possibilidade desgastar a oposição, ao expor as ligações de políticos como o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO) e do governador Marconi Perillo (PSDB) com, Cachoeira. Com isso, ele quer desconstruir a tese de que o PT é o único partido envolvido em escândalos e ainda acertaria as contas com Perillo.
- O Lula odeia o Perillo, porque foi o tucano, que, na época do mensalão, tornou público que havia alertado Lula. Até hoje, o ex-presidente sustenta que só soube do fato pelos jornais.
Para Azevedo, o julgamento levou Lula e o PT a estimular a CPI.
- A impressão que dá é que, quando eles perceberam que o mensalão seria mesmo julgado neste ano, a CPI surgiu como um instrumento para dividir a atenção da mídia.
FONTE: O GLOBO
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