A presidente Dilma Rousseff foi vaiada por prefeitos durante evento, ontem, ao afirmar que eles deveriam lutar por uma nova distribuição de royalties do petróleo "de hoje para frente", e não pelo que já foi licitado. Ela encerrou irritada o discurso e se dirigiu com dedo em riste ao presidente da Confederação Nacional de Municípios.
Dilma é vaiada pela primeira vez em evento
Ao responder aos prefeitos que cobravam uma declaração sua sobre royalties do petróleo, a presidente recebeu vaias da platéia
Rafael Moraes Moura, Tânia Monteiro
BRASÍLIA - A presidente Dilma Rousseff foi vaiada ontem pela primeira vez em um evento público, ao afirmar aos prefeitos participantes da XV Marcha a Brasília em Defesa dos Municípios que deveriam lutar por uma nova forma de distribuição de royalties do petróleo "de hoje para frente", e não pelo que já foi licitado e dividido.
Durante mais de trinta minutos de discurso, Dilma prometeu retroescavadeiras, defendeu uma "parceria respeitosa e produtiva" com Estados e municípios e comentou a crise econômica que abala os mercados financeiros. Ao final, foi interrompida por prefeitos que gritavam "Royalties! Royalties!", cobrando uma declaração da presidente sobre o tema.
"Vocês não vão gostar do que eu vou dizer", alertou a presidente. "Vou dizer uma coisa para vocês: não acreditem que vocês conseguirão resolver a distribuição de hoje para trás. Lutem pela distribuição de hoje para frente", afirmou.
Entre vaias e aplausos, a presidente encerrou irritada o discurso e se dirigiu, com dedo em riste, ao presidente da Confederação Nacional de Municípios (CNM), Paulo Ziulkoski, com quem trocou rápidas palavras.
Muitos prefeitos defendem que a nova forma de divisão de royalties, em discussão no Congresso, deve valer tanto para as áreas que ainda serão exploradas, quanto para os campos que já estão em produção. Os grandes produtores, como Rio de Janeiro e Espírito Santo, são contra.
Primeiro a falar no evento, Ziulkoski apresentou um discurso com críticas ao governo federal. Disse que a relação entre prefeitos e Executivo está mais para "montaria" que "parceria" e questionou até uma das principais vitrines do Palácio do Planalto - a construção de creches públicas no País, que estaria sobrecarregando as contas municipais.
Crise. Diante da instabilidade política na Zona do Euro, que vem derrubando as bolsas no mundo todo, a presidente disse que a crise dos países desenvolvidos poderá ser longa, mas acabará passando.
"Essa crise que os países desenvolvidos estão passando, pode levar uns cinco, seis, sete anos ou até dez, ela acaba passando. Nós não passamos pelos mesmos problemas deles, mas é importante que a gente perceba que todos eles acabarão saindo da crise", afirmou Dilma.
A presidente voltou a mirar as taxas de juros cobradas no País, ao comentar os desafios macroeconômicos que, na sua avaliação, afetam tanto o governo federal quanto Estados e municípios. O Planalto tem usado há pouco mais de um mês os bancos públicos para deflagrar uma guerra dos juros na tentativa de pressionar as instituições privadas a também reduzir as tarifas ao consumidor.
"Temos taxas de juros finais incompatíveis com aquelas praticadas internacionalmente. E isso compromete o crescimento do País. Nós temos, ainda, nos últimos dias, por vários fatores, e isso tem se alterado, mas nós tivemos taxas de câmbio extremamente sobrevalorizadas e temos uma estrutura tributária que ela não é só ruim do ponto de vista da distribuição da Federação, ela é ruim também do ponto de vista da distribuição social dos tributos", comentou.
"Esse entraves funcionam como uma barreira para que o Brasil tenha uma taxa de crescimento compatível com a necessidade dele, de não só manter esse nível de emprego, mas de crescer para poder distribuir riquezas."
Para Dilma, o País deve ter um crescimento "constante, equilibrado e que a inflação esteja sob controle".
FONTE: O ESTADO DE S. PAULO
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