Construtora sai do consórcio para construção de trecho da Ferrovia Oeste-Leste
Paulo Celso Pereira
BRASÍLIA - Depois de abandonar as obras do Maracanã e da Transcarioca, a construtora Delta começa a deixar também obras do governo federal. Sem qualquer alarde, a empresa decidiu na semana passada sair do consórcio para a construção de um trecho da Ferrovia Oeste-Leste, principal contrato que mantinha no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), no valor de R$ 574 milhões.
No último dia 8, a SPA Engenharia, sócia da Delta no consórcio ao lado da construtora Convap, enviou uma correspondência à Valec, estatal responsável pelas ferrovias, informando que assumirá os 28,5% que a empresa que era de Fernando Cavendish tinha no contrato. Com a saída da construtora, a Valec decidiu não tomar qualquer medida administrativa em relação ao lote. Quando concluída, a Ferrovia Oeste-Leste terá 1.527km de extensão e fará uma conexão com a Ferrovia Norte-Sul.
As notícias ruins para a Delta não param por aí. O governo já começou a agir também sobre o segundo maior contrato da empresa no PAC, a construção de um trecho de 39 quilômetros da obra de transposição do Rio São Francisco, no valor de R$ 265 milhões. Nesse caso, a Delta integra um consórcio com as construtoras EIT e Getel. O Ministério da Integração Nacional solicitou à Controladoria Geral da União (CGU) que seja feita uma auditoria minuciosa sobre o contrato.
Apesar de o ritmo da obra ser considerado normal, o ministério quer apurar se o andamento é compatível com os valores recebidos pela construtora. Nas próximas semanas, técnicos da CGU irão a Mauriti, no Ceará, onde ficam os canteiros de obra, para novas medições. Segundo dados oficiais, 16,3 quilômetros do canal já estão concretados. Isso significa 40,3% da execução prevista. No entanto, o consórcio recebeu até março R$ 152,9 milhões, 57,6% do total.
A investigação deve ser concluída em junho, e, caso sejam constatadas irregularidades, o consórcio pode até ser retirado da obra - seguindo orientação da presidente Dilma Rousseff de tolerância zero com a Delta.
Ontem, a prefeitura de Fortaleza também anunciou a rescisão de um contrato de R$ 145 milhões com a Delta, que era responsável por obras de mobilidade urbana para a Copa do Mundo de 2014.
FONTE: O GLOBO
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