Pesquisa Focus também prevê que taxa básica de juros vai chegar a 7,5% em agosto e que inflação fecha o ano em 5%
Fernando Nakagawa
BRASÍLIA - Cresce o pessimismo com o Brasil em 2012. Pesquisa do Banco Central mostra que a previsão do mercado financeiro para o crescimento da economia caiu pela sexta semana seguida, de 2,53% para 2,30%. Em tempos de crise global e falta de confiança de empresários, a retração é vista especialmente na indústria e analistas já preveem expansão do setor de menos de 1% no ano. Nesse cenário, economistas apostam que o corte de juros deve seguir até agosto.
Mesmo com o esforço da equipe econômica em tentar acelerar a atividade econômica, analistas estão cada vez mais cautelosos. Ainda que iniciativas como a redução do juro, oferta de mais crédito e recursos para investimentos públicos ajudem, o efeito deve demorar a aparecer.
"As medidas recentemente anunciadas de investimentos, como a liberação de R$ 20 bilhões para os Estados, só terão efeito claro lá para 2013", diz o economista-chefe da Gradual Investimentos, Andre Perfeito.
O símbolo do pessimismo está na indústria. Mesmo com financiamentos mais baratos e redução de impostos, o setor segue estocado e empresas já dão sinais de problemas. Em abril, segundo dados do IBGE, a indústria cortou postos de trabalho pelo segundo mês consecutivo.
Diante do quadro desanimador, a previsão dos analistas para o crescimento do setor industrial em 2012 caiu pela metade em um mês: de 1,58%, há quatro semanas, para 0,63%, ontem.
Juros. Com a economia lenta e sem sinais de solução na crise externa, o mercado reforça a aposta de que o Banco Central seguirá com a estratégia de cortar o juro para baratear o crédito e, assim, incentivar a demanda interna. Na pesquisa, analistas mudaram a previsão e passaram a apostar que o ciclo de redução da Selic só será encerrado em agosto, e não mais em julho, como era a aposta até semana passada.
Para o mercado, o juro atualmente em 8,50% ao ano deve cair 0,50 ponto porcentual em 11 de julho. Depois, o ciclo de cortes continua em 29 de agosto, quando a taxa deve recuar pela última vez no ano e atingir 7,50%.
O espaço para o movimento existe, avaliam os analistas, porque a economia fraca diminui a pressão sobre os preços. Na pesquisa do BC, a estimativa de alta do IPCA este ano caiu pela quinta semana seguida, de 5,03% para 5,0%. O movimento leva a previsão cada vez mais perto do centro da meta de inflação: 4,5%.
FONTE: O ESTADO DE S. PAULO
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