Ex-tesoureiro do PT encerra caravana de encontros em sua defesa e diz que não fez "caixa dois clássico"
Maria Lima
BRASÍLIA. A capital federal, onde na próxima semana começa o julgamento do mensalão, foi escolhida pelo ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares para encerrar ontem a caravana de encontros com correligionários, sindicalistas, estudantes e advogados, na tentativa de convencer a base do partido de que é inocente da acusação de operador do esquema de pagamento de dinheiro a políticos aliados ao governo. Para se defender, Delúbio disse ontem que o processo do mensalão teve motivação política com o objetivo de derrubar o então presidente Lula do poder.
- Não vamos ficar nervosos. Já falaram tanta coisa da gente esse tempo todo. Uma semana a mais ou a menos não faz diferença. É importante ter em mente que esse foi um processo político e todos sabem o que queriam naquela época: o impeachment do presidente Lula - disse.
Em um auditório preparado de última hora pela CUT do DF (o encontro originalmente estava marcado para a sede do PT), o ex-tesoureiro reclamou que teve a vida devassada:
- Estamos pagando um preço há sete anos. Fui expulso do PT. A vida do meu pai, minha mãe, minha mulher Mônica foi vasculhada - desabafou Delúbio.
Apesar de ter confessado, durante o processo, que operou um esquema de caixa dois, Delúbio amenizou as declarações.
- Não é o caixa dois clássico do Brasil. Aquele dinheiro tinha origem. O que fizemos foi viabilizar os recursos.
No auditório, onde arrancou aplausos, ele foi recebido com faixas de apoio. Uma delas repetia frase do escritor Fernando Sabino adotada por Delúbio: "No fim tudo dá certo, e, se ainda não deu certo, é porque ainda não chegou ao fim". "Força companheiro Delúbio Soares, a justiça será feita", dizia a faixa da JPT do Guará, cidade satélite de Brasília.
Antes de Delúbio fazer seu discurso, o advogado Sebastião Ferreira Leite, o Juruna, acusou o Ministério Público de estar agindo como partido político no julgamento do mensalão.
- O Ministério Público está utilizando o Twitter para fazer militância política, fazendo propaganda de sua peça de acusação. Isso é muito triste - discursou Juruna, aplaudido pela plateia.
Na mesma linha, o segundo advogado, Pedro Paulo Medeiros, criticou a coleta de provas e oitiva de testemunhas pelo Supremo Tribunal Federal (STF):
- O precedente que se criará com a condenação não estará atingindo só os 38 réus, estará atingindo todos os brasileiros, pois não estará respeitando os devidos direitos legais dos envolvidos - afirmou Pedro Paulo.
FONTE: O GLOBO
Nenhum comentário:
Postar um comentário