Faltam mais de dois meses para a eleição de 7 de outubro. É futurologia pura tentar prever agora os resultados das principais disputas municipais.
Em São Paulo, com seus 8 milhões de eleitores, a complexidade aumenta. Passei dois dias na capital paulista e conversei com marqueteiros de algumas campanhas. Notei uma sensação clara de mudança de fase, no jargão dos aficionados por video game.
Pode ser mais desejo do que realidade, mas tanto do lado do PSDB como do PT fala-se na hipótese de o adversário no segundo turno paulistano ser, pela primeira vez em muitos anos, de fora da já tradicional polarização tucano-petista.
Estaria para ocorrer de maneira ampliada uma onda surfada por Marina Silva em 2010, quando ela foi candidata do PV a presidente da República -e amealhou expressivos 19% dos votos, ficando em terceiro lugar.
Os marinistas, como se sabe, não formavam nem de longe um grupo coeso e preocupado com a proteção ambiental. Marina Silva recebeu também votos de brasileiros cansados da política tradicional. Não queriam PT nem PSDB.
No cenário pós-2010, parte expressiva da cúpula do PT passou a apregoar uma profecia que estaria para se autocumprir: o fim da polarização entre tucanos e petistas. Prevaleceria, é claro, só o partido de Lula e de Dilma, com a pulverização dos demais.
Do outro lado, o discurso se repete com sinal invertido. O PSDB vende a ideia de que a hegemonia do PT se aproxima do esgotamento. O ciclo vai se completar em decorrência do crescimento econômico anêmico e da fadiga de material da "marca PT" -prestes a sofrer um desgaste extra no julgamento do mensalão.
Assim como o resultado da eleição é imprevisível, antever o fim da polarização PT-PSDB também o é. Mas nunca se falou e se discutiu tanto o assunto como agora.
FONTE: FOLHA DE S. PAULO
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