Valor médio importado por dia caiu de US$ 927 milhões em junho para US$ 850 milhões em julho, segundo a AEB
Mariana Durão, Glauber Gonçalves
Os atrasos no desembarque de navios por causa da operação-padrão da Receita Federal e da greve dos funcionários da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) derrubaram as importações em julho ao nível mais baixo desde janeiro, mês tradicionalmente fraco. Segundo dados da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), o valor médio importado por dia caiu de US$ 927 milhões no mês passado para US$ 850 milhões agora.
A queda se acentuou nas duas últimas semanas. No caso das exportações, a média diária foi pouco afetada, pois as operações de saída têm um "canal verde", isto é, são muito menos fiscalizadas e isentas de tributos.
O resultado é visível nos portos. Ontem, cinco navios estavam parados fora da Baía de Guanabara esperando para atracar, informou a Companhia Docas do Rio de Janeiro. Segundo o órgão, o problema é causado especialmente pela greve na Anvisa, que inspeciona os navios antes de chegar aos terminais.
Com a manutenção da greve na Anvisa, a Federação Nacional das Agências de Navegação (Fenamar) aguarda decisão favorável da Justiça para mandados de segurança que pedem a emissão dos certificados de livres práticas nos portos. Quatro Estados já conseguiram liminares favoráveis e cinco aguardam decisão.
De acordo com a Fenamar, Rio de Janeiro, Santa Catarina, Bahia e Paraná já conseguiram decisões liminares favoráveis. São Paulo, Alagoas, Pernambuco, Maranhão e Espírito Santo aguardam as decisões da Justiça.
Impacto. Segundo o vice-presidente da AEB, José Augusto de Castro, o impacto no resultado anual do comércio exterior tende a ser pequeno. Isso porque a entrada de importados será apenas adiada - pois os navios já estão aqui - e as exportações de commodities dificilmente serão afetadas. O mesmo não se pode dizer dos custos do empresariado local. "Você pode não ter prejuízo na balança, mas a greve vai pesar no bolso do exportador/importador e na imagem do País." Ele calcula que o custo de manter navios no portos é de US$ 30 mil a US$ 80 mil por dia, dependendo do tamanho.
Nos portos do Rio e de Santos, a operação-padrão e a greve estão atrasando em um dia a chegada de navios, segundo a Libra, responsável por operações nas duas cidades. A empresa tem buscado acelerar a carga e a descarga de contêineres, além de flexibilizar os horários para as estadias dos navios nos portos.
Setores da indústria já começam a se preocupar com atrasos na entrega de matérias-primas. A Associquim, que reúne cerca de 300 distribuidoras de produtos químicos, teme que as paralisações afetem a produção de Natal de alguns setores, frustrando a recuperação da indústria no segundo semestre.
FONTE: O ESTADO DE S. PAULO
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