quarta-feira, 25 de julho de 2012

Paulista tenta outra manobra

Juliana Cipriani

O presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, fez outra manobra para tentar garantir que o partido fique, em Belo Horizonte, na coligação do ex-ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Patrus Ananias. Depois de duas derrotas na Justiça Eleitoral mineira, que considerou ilegal a intervenção de Kassab no diretório municipal – que havia decidido pelo apoio a Marcio Lacerda em convenção –, o prefeito paulistano conseguiu ontem que a Executiva Nacional referendasse o apoio a Patrus. Um dos argumentos na ação que tenta deixar o partido e seus dois minutos no programa eleitoral de rádio e televisão com Lacerda é o fato de não ter havido reunião dos dirigentes nacionais para a mudança. Para o secretário-geral do PSD em Belo Horizonte, Alexandre Silveira, que apoia Lacerda, a situação não muda.

Diante da crise aberta com a intervenção do PSD em BH, Kassab reuniu ontem a Executiva, que aprovou por 14 votos a um o apoio do partido a Patrus Ananias. O voto contrário foi da senadora Kátia Abreu (TO), que deixou o encontro dizendo ter considerado a medida ilegal e arbitrária. Contrária à intervenção junto com a ala do PSD mineiro ligada ao senador Aécio Neves (PSDB), ela chegou a ser convidada a ir para o PMDB depois da crise. Kassab minimizou a fala de Kátia Abreu, que segundo ele tem o direito de dizer o que quiser e que no partido não terá unanimidade.

Em primeira e segunda instâncias, a Justiça Eleitoral mineira decidiu que a aliança válida foi a aprovada na convenção municipal de 23 de junho, quando os convencionais optaram pelo apoio a Marcio Lacerda. Um dos autores da ação que pede esse reconhecimento, o secretário de Gestão Metropolitana, Alexandre Silveira, acredita que esse entendimento vai prevalecer, apesar de no processo um dos argumentos mais fortes usados foi o fato de Kassab ter decidido isoladamente pela intervenção. Pelo estatuto do partido, cabe à Executiva – e não só ao presidente – suspender ou cancelar convenções municipais "quando assim determinar o interesse partidário".

Para Silveira, o fato de a decisão agora ter respaldo da Executiva não muda nada. "Me surpreende ver que, além de tirano, o presidente Kassab é mal assessorado. Se ele ler a sentença do juiz confirmada pelo TRE, vai notar que este foi apenas um dos argumentos. O mais forte foi ser uma decisão extemporânea e que não havia fato novo que justificasse mudar a decisão soberana dos convencionais", afirmou. De acordo com o secretário, para embasar uma mudança o partido teria de ter publicado diretrizes para as eleições, o que deveria ter sido feito até 180 dias antes do pleito. Seria o caso, por exemplo, de vetos a alianças com um ou outro partido ou mesmo a preferência por alguma aliança. "A convenção cumpriu seu rito legal e nenhuma diretriz foi ferida para justificar uma intervenção nacional. O que o presidente Kassab tenta o tempo todo é dar uma resposta política à presidente Dilma e aos paulistas, que pediram para ele intervir, já que sabe que não vai lograr êxito", disse Silveira. (Com agências)

FONTE: ESTADO DE MINAS

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