Apesar de retomada, governo admite que alta não basta para salvar 2012
A atividade econômica do país cresceu 0,75% em junho em relação a maio, segundo o índice do BC, considerado uma prévia do PIB.
O indicador, que teve a maior alta mensal desde março de 2011, sinaliza uma recuperação significativa da economia. O resultado foi comemorado. "Passamos o cabo da Boa Esperança", afirmou Mantega (Fazenda). Dilma disse que o país começa a reagir aos estímulos.
Governo já admite que PIB ficará abaixo de 2%
Indicadores sugerem retomada lenta, insuficiente para a meta do governo
Economia precisaria crescer a mais de 1,5% nos dois próximos trimestres para chegar aos 2,5% previstos
Valdo Cruz, Maeli Prado e Mariana Schreiber
BRASÍLIA - Apesar de indicador divulgado ontem pelo Banco Central reforçar a percepção de recuperação da economia, o governo considera que ela pode não ser suficiente para evitar o risco de o país crescer menos de 2% neste ano.
Até então, a equipe econômica vinha dizendo que a economia iria crescer ao menos 2,5% em 2012.
O crescimento de apenas 0,2% no primeiro trimestre e a previsão de um resultado do segundo trimestre ainda "muito ruim", entre 0,3% e 0,4%, abateu a avaliação de assessores presidenciais.
O PIB do semestre, que será divulgado no final de agosto, deve mostrar, segundo técnicos, que o país precisaria estar acelerando forte neste início de segundo semestre para viabilizar um crescimento de pelo menos 2% em 2012.
Ontem, foi divulgado o resultado de junho do IBC-Br, indicador que costuma ser uma prévia do crescimento do PIB: o país cresceu 0,75% em relação a maio, o que sinaliza uma recuperação significativa da economia.
Mas ela teria de registrar crescimento acima de 1,5% nos dois últimos trimestres para garantir 2% neste ano. Algo difícil, na visão de assessores, que já falam de taxa entre entre 1,5% e 1,8% no fim de 2012 -a mesma projetada há várias semanas por economistas e tida como irreal pela Fazenda.
Cabo da Boa Esperança
A equipe econômica, porém, não dá o "jogo como perdido". O mais importante, destaca um assessor, é que a recuperação já começou e, no último trimestre do ano, o país estará crescendo a uma velocidade de 4% anuais.
Segundo ele, "a safra de boas notícias" vai aquecer o mercado brasileiro.
Essa foi a tônica dos comentários de Guido Mantega (Fazenda) e de Alexandre Tombini (Banco Central).
"Passamos o cabo da Boa Esperança e, no segundo semestre, estaremos com a economia crescendo mais do que no primeiro", disse Mantega.
O número de junho, porém, não garantiu um bom desempenho nos seis primeiros meses do ano, quando a atividade econômica acumulou crescimento de só 0,87%. Com exceção de 2009, é o pior semestre desde 2003, início da série histórica do indicador.
Até o fim do ano, o IBC-Br precisaria crescer 0,6% ao mês -ou o equivalente a 7,4%, em termos anualizados- para ficar alinhado com a previsão do BC, de 2,5% para o PIB de 2012.
"Não é impossível, mas é muito difícil chegar a esse patamar", afirmou Flavio Serrano, economista-chefe do BES (Banco Espírito Santo).
Na avaliação de economistas, os mais recentes indicadores positivos de consumo e emprego apontam para uma retomada, mas gradual.
"O efeito do IPI menor é pontual. O crescimento nos próximos meses não terá a mesma intensidade", diz Monica de Bolle, sócia-diretora da consultoria Galanto.
Consumo
A avaliação dos analistas é que a recuperação será puxada principalmente pela aceleração do consumo, por causa da queda da inadimplência e do esforço do governo para reduzir os juros.
Há grande risco, porém, de a indústria não acompanhar a retomada devido aos problemas estruturais que limitam a competitividade do setor, destaca Newton Rosa, da SulAmérica Investimentos.
Mas a grande ameaça é a crise europeia. Sérgio Vale, da MB associados, observa que há ainda uma grande incerteza sobre a continuidade da Grécia na zona do euro.
Os dados de recuperação da economia não alteraram a expectativa de que o BC vai reduzir a taxa básica de juros em mais 0,5 ponto neste mês, para 7,5% ao ano.
FONTE: FOLHA DE S. PAULO
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