Confesso que fiquei surpreso, e até mesmo meio pasmo, com a
nota que o PT e mais alguns partidos da base aliada do governo divulgaram em
defesa do ex-presidente Lula, em contraposição à reportagem da revista Veja na
qual é veiculado que o criminoso condenado, Marcos Valério, teria dito a
familiares e amigos que o esquema do mensalão era maior do que o apurado no
julgamento e que o ex-presidente Lula seria o chefe de tudo.
A tônica da nota está em tentar comparar o clima político de
hoje com o clima político de tempos sombrios de outrora, como nas conspirações
que levaram ao suicídio de Getúlio Vargas e ao golpe contra João Goulart. E o
que é pior, atribuem isso à oposição, aos "conservadores" e a um
complô da mídia. E mais , dão a entender que isso seria a preparação de um
golpe em curso.
Chega a ser hilária a comparação, primeiro porque não há como dar golpe em
ex-presidente (a não ser que eles achem que não ele é ex); segundo, o complô da
mídia é de uma revista só e, terceiro, raramente se viu uma oposição tão
francamente minoritária, vacilante e desarticulada.
Ademais, pelo que temos acompanhado no julgamento do
mensalão, a mais perfeita ordem democrática está em andamento, com a aplicação
prática do Estado de Direito, com a garantia do mais amplo direito de defesa,
com a transmissão, ao vivo e a cores, da explicação minuciosa, as vezes até
demais, de cada voto, condenando ou absolvendo de acordo com o posicionamento
livre de cada ministro juiz.
Concomitantemente, o processo eleitoral nos municípios corre
na maior normalidade, inclusive com a aplicação da lei da ficha limpa, com os
candidatos de todas as correntes falando, e ouvindo, o que bem quiserem e a
Justiça Eleitoral atenta e agindo sempre que necessário e na forma da lei.
A "conspiração golpista" que atribuem à oposição
não passa do pedido para que o Ministério Público, após o encerramento do
julgamento do mensalão, investigue as notícias apontadas pela reportagem da
revista, que trazem supostas denúncias contra um ex-presidente da República,
feitas por um criminoso condenado por corrupção, lavagem de dinheiro e formação
de quadrilha, o senhor Marcos Valério, que não consta ser de oposição, muito
pelo contrário. Ora, quem não deve, não teme.
Mas cá entre nós, parece apenas que o tal meliante condenado
mandou um singelo recado e que a resposta está sendo um tanto quanto exagerada.
Longe dele ser querer ser um peão de um golpe conservador contra Lula e o PT,
sua pretensão deve ser bem mais modesta.
Urbano Patto é Arquiteto-Urbanista, Mestre em Gestão e
Desenvolvimento Regional, Secretário do Partido Popular Socialista - PPS - de
Taubaté e membro Conselho Fiscal do PPS do Estado de São Paulo. Comentários,
sugestões e críticas para urbanopatto@hotmail.com
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