Numa disputa nacional
das prefeituras que se prefigurava meses atrás como consistente passo para o
reforçamento do PT nas diversas regiões do país, inclusive nas capitais (que
favoreceria a ampliação de sua influência no Congresso e no comando do governo
Dilma, bem como para a montagem da sucessão presidencial de 2014), num pleito
assim previsto, uma vitória de Lula no embate eleitoral pela prefeitura de São
Paulo era avaliada não só pela importância em si mesma mas sobretudo como etapa
decisiva da derrubada pelo ex-presidente e seu partido, daqui, a dois anos, da
principal trincheira do PSDB e da oposição no país – o governo estadual
paulista. Mas, às vésperas do 1º turno desse pleito – e já ao longo dos últimos
meses, na montagem das alianças e no encaminhamento das campanhas – o cenário
nacional correspondente configura-se contrário a tal reforçamento, e o objetivo
tático paulistano está posto em xeque, sob a ameaça de que o candidato do PT
seja excluído do 2º turno. Num contexto em que, ao invés da preservação do
governo paulista pelos tucanos, é a necessidade de comprovação do peso declinante,
de Lula no eleitorado de São Paulo a trincheira a ser defendida.
A relevância atribuída
inicialmente a esta disputa foi recuperada – para o campo governista federal e
também para a oposição – pelo inesperado desempenho precário dos candidatos do
PT e suas alianças em quase todas as capitais, em especial no Recife e em Belo
Horizonte. Nesta implicando derrota pessoal da presidente Dilma, que articulou
a candidatura do petista Patrus Ananias para confrontar diretamente seu adversário
de 2014, Aécio Neves, principal respaldo da de Márcio Lacerda, do PSB, à
reeleição. E na capital pernambucana, com a ultrapassagem do petista Humberto
Costa pelo candidato do PSDB, Daniel Coelho, para a provável disputa do 2º
turno com o líder nas pesquisas, Geraldo Júlio, do PSB, ligado ao governador
Eduardo Campos. No novo cenário (da retomada de tal relevância), a eleição de
José Serra segue sendo importante para o PSDB paulista e nacional mas sem a
dimensão de defesa da “grande trincheira que restará aos tucanos”, como os
petistas previam. Enquanto para Lula a vitória de candidato de sua escolha
pessoal, Fernando Haddad, ou, ao menos, a passagem dele ao 2º turno, são essenciais,
estando bem mais próximas da defesa de uma trincheira política – a do peso de
transferência de prestigio eleitoral do ex-presidente.
Por isso, os 11 dias que nos separam do 1º
turno serão marcados por intensos e agressivos esforços de Lula, das direções
do PT e da presidente Dilma (os dela mais, ou menos agudos, em função das
pesquisas) para a passagem de Haddad ao turno final. Esforços que podem estar
incluindo pressões para a retirada, em favor do petista, das candidaturas de
Paulinho do PDT e de Gabriel Chalita, do PMDB. No caso deste, envolvendo
promessas de nomeação para um ministério – o da Educação – que seria um segundo
ato do gênero da presidente Dilma, semelhante ao da entrega do ministério da
Cultura à ex-prefeita Marta Suplicy. Promessas, ou articulações, negadas
veementemente pelo candidato e pela direção nacional do PMDB. E esses esforços
terão pela frente o agravamento de um obstáculo que já vem sendo explorado pelo
adversário José Serra: o processo do mensalão, com sua chegada à fase do
julgamento dos réus do núcleo político – José Dirceu, José Genoíno e Delúbio
Soares.
Jarbas de Holanda é
jornalista
Nenhum comentário:
Postar um comentário