Podendo consolidar-se, ou ser revertida, a
vantagem nas primeiras pesquisas para o pleito paulistano do petista Fernando
Haddad sobre o tucano José Serra – vantagem que se confirmada terá o
ex-presidente Lula como principal vencedor e, num cenário oposto, como grande
derrotado -, as disputas do 2º turno das eleições municipais apontam já, antes
mesmo de serem definidas, o par-tido que está obtendo ou tirando mais
benefícios do acirramento delas. Trata-se do PMDB (com a executiva partilhada
pelos grupos de Michel Temer e de José Sar-ney/Renan Calheiros) que,
subordinando objetivos eleitorais a prioridades político-administrativas,
aproveitou a polarização entre o PSDB e o PT no principal embate do dia 28 de
outubro (em torno da prefeitura de São Paulo) para garantir mais um ministério
no governo Dilma, em troca do apoio de Gabriel Chalita a Haddad. Desdobrando o
que fez no turno inicial, na outra disputa de importância equivalente – a travada
em Belo Horizonte – ao retirar a candidatura partidária de Leonardo Quintão em
favor da do petista Patrus Ananias, articulada pessoalmente pela presidente
Dilma na tentativa, mal sucedida, de infligir uma derrota ao senador Aécio
Neves, patrono do candidato à reeleição Márcio Lacerda, do PSB. No primeiro
lance, negociando compensação de mais espaço nas estatais da União; e, agora,
complementando isso com um compromisso do Palácio do Planalto para a nomeação
de Chalita para um ministério, independentemente do sucesso eleitoral do
candidato apoiado.
Outro fator que favoreceu e valorizou muito o
papel governista do PMDB (ademais da aguda necessidade das campanhas de Patrus,
no 1º turno, e de Haddad, no 2º, de um respaldo do PMDB), configurou-se com o
expressivo crescimento do PSB, gerado sobretudo em confrontos contra
adversários petistas em capitais e grandes cidades, e com a emergência de seu
presidente, o governador de Pernambuco Eduardo Campos como liderança nacional
que, embora ainda vinculada à base governista, adota posturas cada vez mais
independentes, podendo em 2014 disputar a presidência ou articular-se com a
oposição liderada por Aécio Neves. A repetição no 2º turno de conflitos entre o
PSB e o PT – em Fortaleza, em Campinas e em Manaus, onde os pessebistas apoiam
o tucano Arthur Virgílio – reforça as desconfianças que o lulismo e a
presidente Dilma passaram a nutrir quanto a Eduardo Campos. Tudo isso ampliando
a dependência do governo em relação ao comando nacional do PMDB. Dependência,
aliás, já reconhecida há vários meses – diante dos in-dícios de fragmentação da
base governista no Congresso constatados na montagem das alianças para o pleito
mu-nicipal – que forçou Dilma e Lula a comprometerem-se com a candidatura do
peemedebista Henrique Eduardo Alves à próxima presidência da Câmara dos
Deputados, desautorizando e barrando a articulação de um nome do PT para o
cargo.
Outras
disputas referenciais para o PT e a oposição
Dentre os embates em capitais marcados por
essa polarização destacam-se o de Salvador, de ACM Neto, do DEM, contra Nelson
Pelegrino, do PT, e o de Manaus, Arthur Virgílio, do PSDB, versus Vanessa
Grazziotin, do PC do B, com apoio do PT. Ambos nacionalizados a partir de forte
participação de Lula e da presidente Dilma contra “adversários de longa data e
irrecuperáveis”, segundo um dirigente petista. Mas que contam, o primeiro, com
a adesão do PMDB baiano dirigido por Geddel Vieira Lima e, o segundo, com o
apoio do presidente do PR da base governista federal, o ex-ministro dos
Transportes, Alfredo Nascimento, bem como do PSB. Outras disputas com
polarização semelhante se travam em Belém, Zenaldo Coutinho, PSDB, versus
Edmilson Rodrigues, PSOL, apoiado pelo PT; em João Pessoa, Luciano Cartaxo, PT,
contra Cícero Lucena, PSDB; em Rio Branco, entre Marcos Alexandre, PT, e Tião
Bocalon, PSDB. O mesmo ocorre em nove grandes cidades das 33 que têm 2º turno:
as paulistas Campinas, entre o candidato do PT, Márcio Pockmann, indicado
pessoalmente por Lula, e o do governador Geraldo Alckmin, Jonas Donizetti, do
PSB, Santo André, Guarulhos e Taubaté; a mineira Juiz de Fora, entre Margaria
Salomão, do PT, e o concorrente apoiado por Aé-cio Neves, Bruno Siqueira, do
PMDB; a gaúcha Pelotas, Eduardo Leite, PSDB, e Marroni, PT; a paranaense Ponta
Grossa, entre Marcelo Rangel, do PPS, e Péricles, do PT; a paraibana Campina
Grande, entre Romero Rodrigues, PSDB, e Tatiana, da coligação PMDB-PT. Uma
capital de forte peso político e eleitoral, Fortaleza, vive a nova polarização
entre o PSB e o PT configurada no Nordeste e em Minas. Lá se repete no 2º turno
o cenário local e recifense do primeiro, de confronto entre os dois partidos:
entre o candidato do governador Cid Gomes, o pessebista Roberto Cláudio, e o
petista Elmano de Freitas, vinculado à prefeita Luziani Lins.
Jarbas
de Holanda é jornalista
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