Não poderia haver momento pior para a reentrada do ex-ministro Antonio
Palocci na cena política e, quase sorrateiramente, em reuniões com a presidente
Dilma e com seu antecessor Lula.
Palocci, informa a repórter Natuza Nery, já participou ao menos de quatro
encontros desses no escritório da Presidência da República em São Paulo. Apesar
de não confirmados oficialmente, os temas são óbvios: eleições municipais,
sucessão presidencial, julgamento do mensalão. Reuniões estratégicas, portanto.
O personagem não se coaduna com a cena, com o palco, com os protagonistas e
com o momento, já que saiu pela porta dos fundos dos governos Lula e Dilma. De
um, por frequentar uma casa suspeitíssima e pela quebra do sigilo bancário de
um caseiro. Do outro, por somas de dinheiro fantásticas e mal explicadas.
Como a Folha revelou, Palocci multiplicou seu patrimônio por 20 entre 2006 e
2010 -neste último ano, já como coordenador da campanha de Dilma à Presidência.
Um dos sinais explícitos de enriquecimento foi a compra de um apartamento por
quase R$ 7 milhões, praticamente à vista.
Os autores da reportagem venceram o Esso, principal prêmio para jornalistas
no Brasil, e acabam de ganhar também o Prêmio Latino-americano de Jornalismo de
Investigação, do Instituto Ipys. Ou seja: as revelações foram cuidadosamente
apuradas, impecáveis e inquestionáveis.
Ao voltar a participar de reuniões políticas com o ex e a atual presidente,
apesar de tudo e de todos, Palocci confirma sua decantada lábia e sua vocação
de fênix, sempre ressurgindo das cinzas e no centro do poder. Desta vez, às
vésperas do segundo turno das eleições e no meio do julgamento do mensalão.
Por 5 a 4, o STF não abriu processo no caso do caseiro. Mas, se Lula e Dilma
absolvem e absorvem Palocci, farão o mesmo com os réus. O Judiciário condena, o
Executivo enaltece.
Fonte: Folha de S. Paulo
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