Paulo Celso Pereira
BRASÍLIA - O presidente nacional do PSDB, deputado Sérgio Guerra (PE), negou
ontem que o partido tenha usado o mensalão como algo estratégico nesta eleição
municipal, mas afirmou que ele tornou-se uma marca indelével do PT. Para o
tucano, que convocou uma entrevista coletiva para analisar o resultado do
primeiro turno e falar da estratégia do segundo, sempre que alguém lembrar do
tema mensalão, os petistas perderão votos. Mas pesquisas internas do PSDB
estariam indicando que o tema mensalão não rende votos para os candidatos
tucanos.
- Há a afirmação de que o PSDB quer que o mensalão interfira na política.
Não é o nosso objetivo. A marca do PSDB não é o mensalão, alguém pode dizer que
é o Plano Real, o ajuste fiscal e até a privatização. Mas muita gente pode dizer
que a marca do PT é o mensalão - disse Guerra. - O mensalão atingiu muito o
ânimo do PT, se não de forma explícita, de forma real. Não vi um PT ativo nesta
campanha, militantes na rua. O PT estava cabisbaixo. Há uma coisa que não
depende de nós e que já é da história, já há uma decisão do Judiciário.
Mas os ataques do tucano não se restringiram ao PT. Sérgio Guerra aproveitou
também para criticar a presidente Dilma Rousseff, que liberou seus ministros a
viajarem pelo país apoiando os candidatos do PT.
- A presidente Dilma faz um discurso em uma direção e a prática é outra. Ela
dá licença aos ministros dela para se colocarem como cabos eleitorais sem
votos. Estamos enfrentado um ambiente de pouca luz democrática, não apenas do
PT, mas da presidente e do governo - atacou.
A direção nacional do PSDB tem críticas também ao rumo da campanha do
principal candidato do partido neste segundo turno, o ex-governador José Serra.
Sérgio Guerra alfinetou o uso do kit-gay como tema de campanha.
- Em São Paulo, a campanha resvala para elementos que não são os mais
relevantes. Se vai ter ou não kit-gay, se foi mamãe que fez ou vovó que
assinou. Não é esse o problema. Se o Serra tiver que ser prefeito de São Paulo,
ele será porque é o melhor candidato.
Logo no início da entrevista, Guerra brincou com o secretário-geral Rodrigo
de Castro (MG) sobre o assunto:
- A gente tomou uma decisão; esse negócio de igreja, a gente não discute.
Rodrigo não tem preconceito nenhum, né?! No estado dele, Minas Gerais, ninguém
presta atenção a isso.
Ligado a Aécio Neves, principal rival de Serra na legenda, Rodrigo
respondeu:
- De jeito nenhum. A gente convive muito bem com as diferenças.
Fonte: o Globo
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