Além de controlar o governo estadual, partido venceu em Florianópolis e vai
governar 20% das prefeituras catarinenses
Cientista político afirma que PSD abordou temas de candidatos de esquerda e
se afastou do perfil do antigo PFL
Felipe Bàchtold
PORTO ALEGRE - A eleição municipal deste ano consolidou o ressurgimento de
uma corrente política que parecia extinta no Estado de Santa Catarina.
Com a vitória de Cesar Souza Júnior para a Prefeitura de Florianópolis, o
grupo ligado ao ex-senador Jorge Bomhausen ganhou hegemonia na política local e
transformou o Estado em uma espécie de "feudo" do PSD no país.
O partido, fundado no ano passado pelo prefeito de São Paulo, Gilberto
Kassab, vai governar 20% das prefeituras catarinenses. Foi o segundo melhor resultado
da sigla no país, atrás somente da Bahia. A vitória em Florianópolis foi a
única da legenda em capital em sua primeira eleição.
Governador
O sucesso é conseqüência em parte da força do governador Raimundo Colombo,
afilhado político do ex-senador, que trocou o DEM pelo PSD em 2011 e levou
consigo inúmeros apoiadores.
Políticos que estavam insatisfeitos em outros partidos também embarcaram na
nova legenda.
Após passar anos brigando com a direção nacional do DEM, Bornhausen deixou o
partido no ano passado e aconselhou Kassab na fundação do PSD. Seu filho Paulo
Bornhausen é secretário da gestão Colombo e um dos principais dirigentes do
partido em Santa Catarina.
Políticos ligados à família Bornhausen já governaram o Estado de 1951 a 1956
(com Iri-neu Bornhausen), 1975 a 1979 (com Antonio Carlos Konder Reis) e 1979 a
1982 (com o próprio Jorge Bornhausen).
Agora, sem a estampa desgastada do antigo PFL, o grupo conseguiu avançar e
lançou nomes jovens.
Hoje govema o Estado juntamente com PMDB e PSDB e fez alianças municipais
com o PP, que dominou a política local até o início da década passada com o
casal Esperidião Amin e Angela Amin.
Apesar disso, Souza Júnior, 33, diz que a atuação do ex-senador Bornhausen,
75, foi superestimada. "A única participação dele ria minha campanha foi
torcer. Não existe aquela coisa antiga de comandar figuras novas."
Para o professor Julian Borba, do Departamento de Sociologia e Ciência
Política da Universidade Federal de Santa Catarina, o PSD no Estado abordou
temas historicamente tratados por candidaturas de esquerda, como planejamento
urbano, e se afastou do perfil do antigo PFL. "Reflete um partido que se
propõe a não ter uma orientação ideológica definida", diz.
Fonte: Folha de S. Paulo
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