Receio é que candidatura própria de Eduardo Campos atraia oposição ou outros
partidos da base insatisfeitos
Maria Lima
BRASÍLIA - Nem bem as urnas foram apuradas, no último domingo, e já no dia
seguinte os principais líderes dos partidos do arco de alianças do governo
começaram a traçar cenários e a montar seus exércitos para a eleição de 2014. Criticada
por aliados e até integrantes do PT, que reclamaram uma maior participação
política em defesa de seus candidatos derrotados, a presidente Dilma Rousseff
já percebeu a movimentação e resolveu sair na frente. Nos próximos dias corre
atrás para manter no seu grupo o principal aliado, o PMDB, mas, principalmente,
para tentar neutralizar ações isoladas do PSB do governador de Pernambuco,
Eduardo Campos.
Neste primeiro momento de avaliação dos resultados das eleições municipais,
nem é tanto o PSDB, que cresceu no Norte e Nordeste, que preocupa as forças
políticas do governo. O PT se sente mais ameaçado com a possibilidade de
Eduardo Campos antecipar para 2014 seu projeto de poder, aliando-se aos tucanos
ou a outros partidos insatisfeitos da base, como PTB e PSD.
Indicado informalmente pelo grupo do PSB que prega a independência do
partido em relação ao PT, o deputado Júlio Delgado (PSB-MG) dá o tom:
- O PSB veio consistentemente confirmando o crescimento de sua musculatura e
capilaridade. Nessas eleições deixou de ser um partido de reduto nordestino,
para ser um partido com lideranças expressivas nas cinco regiões do País.
Ganhou a musculatura necessária para deixar de ser vagão para ser locomotiva.
Inegável que passa a sonhar com projeto de poder próprio.
Na terça-feira Dilma janta com o vice-presidente Michel Temer e os
dirigentes e líderes das bancadas do PMDB e do PT na Câmara e no Senado. Na
véspera do próximo feriado, dia 14, ela aproveita uma reunião de governadores
do Nordeste, em Salvador, para tentar recompor as pontes com Campos em encontro
reservado.
Principal força dessa eleição municipal, o PSB travou com o PT os mais duros
embates, e se aproximou do PSDB do senador Aécio Neves.
Fonte: O Globo
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