quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Indústria cresce pouco - Míriam Leitão

Depois de 13 quedas seguidas, a produção industrial voltou a crescer em relação ao mesmo mês do ano anterior. Alta de 2,3% em outubro. A base de comparação é tão baixa que a indústria parece ter batido no fundo do poço e voltado a subir. Pior, não fica. O problema é que a recuperação é lenta, e o ano está perdido. A indústria brasileira, hoje, produz menos do que há dois anos atrás.

A indústria fechará o ano no vermelho. O que se pode dizer do resultado de outubro é que os setores que receberam subsídios - como automóveis e linha branca - registraram crescimento. A indústria de extração mineral também cresceu. Mas a produção de máquinas e equipamentos continuou em queda. Isso acende uma luz amarela sobre os investimentos do quarto trimestre, de acordo com o economista José Marcio Camargo, da PUC-Rio:

- O quarto trimestre começou mal para os investimentos. A produção de máquinas caiu, e como o real está mais fraco, importar está mais difícil.

Na comparação com setembro, a indústria cresceu 0,9%. Mas os economistas esperavam alta maior. O Departamento de Estudos Econômicos do Bradesco, por exemplo, previa 1,7%. O Itaú projetava 1,5%. Há um pedaço da indústria brasileira que não cresce, e outro pedaço que só cresce com subsídios, via IPI reduzido. O economista Armando Castelar, da FGV, explica que essa redução é importante para emergências porque antecipa consumo. Mas não resolve problemas estruturais:

- O IPI reduzido não gera consumo novo, só antecipa. O que é consumido agora não será depois. A recuperação da indústria é lenta e para mostrar isso basta dizer que estamos 2% abaixo da produção de outubro de 2010.

No acumulado do ano, a indústra cai em todas as categorias de uso. Dos 27 ramos pesquisados pelo IBGE, 17 estão em queda, assim como 48 dos 76 subsetores industriais. Quem mais cai, nessa comparação, é a produção automobilística, 13%.

Ontem o governo anunciou desonerações da folha de pagamento para a construção civil. Na quinta-feira, deve anunciar o novo pacote para os portos. Esse excesso de medidas, na visão de Castelar, acaba tendo o efeito inverso: paralisa a economia.

- Temos uma média de dois pacotes por semana. Todo mundo precisa voltar a fazer contas e ver o que muda. Isso não ajuda muito a economia como um todo, porque paralisa as decisões.

O Boletim Focus estima uma queda da produção industrial este ano em 2,3% e uma alta de 3,8% em 2013. Se acontecer, o crescimento médio nos dois anos será de 0,7%. É pouco.

Elétricas: recordar é viver

Um dos últimos atos do ex-presidente Lula no cargo foi renovar por 25 anos a Reserva Global de Reversão. Para quem não sabe, trata-se de um dos principais encargos da conta de luz. Aconteceu no dia 31 de dezembro de 2010, um dia antes da posse da presidente Dilma Rousseff. A falta de planejamento é que incomoda investidores e analistas do setor elétrico. Naquele ano, o Brasil cresceu 7,5% e reduzir custos industriais não era prioridade. Agora, as medidas são implementadas às pressas, com perdas para as companhias.

Internet móvel é desafio

A conta não fecha para as companhias de telecomunicações no mundo. A internet móvel, com acesso pelo celular, exigirá investimentos sem que as receitas subam na mesma proporção. A estimativa do consultor Tiago Monteiro, da A. T. Kearney, é de que o número de usuários de banda larga móvel no Brasil chegará a 114 milhões até 2015, com crescimento de 22% ao ano. A Oi registra alta de 11% ao mês na contratação do recém-lançado pacote de dados pré-pagos para celulares, focado nas classes C, D e E.

Fonte: O Globo

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