O
governo não conseguiu adesão das elétricas para atingir os 20,2% de redução
média da tarifa de energia prometidos por Dilma. A queda será de, no máximo,
16,7%. O Planalto culpou os governos tucanos de São Paulo, Minas e Paraná pelo
fracasso, responsabilizando-os pela redução menor.
Os
Estados dizem que é inviável renovar as concessões das hidrelétricas em troca
de tarifa menor.
Planalto
vai atribuir fracasso do acordo aos governos tucanos
Estratégia por enquanto é culpar as
administrações de SP, MG e PR, cujas companhias recusaram proposta do governo
Governo Dilma pode desistir de cobrir a
diferença com recursos do Tesouro, que já vai bancar a renúncia fiscal
Renata Agostini, Valdo Cruz
BRASÍLIA - O governo Dilma conseguiu garantir
ontem uma redução média de apenas 16,7% nas contas de energia elétrica em 2013,
abaixo dos 20,2% prometidos pela presidente em setembro, e pode desistir de
cobrir a diferença da conta com recursos do Tesouro.
A estratégia do Palácio do Planalto, por
enquanto, é culpar os governos tucanos de São Paulo, Minas e Paraná pelo
fracasso no cumprimento da meta, atribuindo a eles a responsabilidade pela
redução menor da tarifa.
Isso porque veio das companhias geradoras
Cesp (SP), Cemig (MG) e Copel (PR) -todas controladas por seus respectivos
Estados- a maior parte dos contratos não renovados ontem.
Segundo um assessor presidencial, os governos
tucanos desses três Estados vão ter de "assumir o preço político" por
terem inviabilizado o corte total prometido.
Ele disse que ainda não há uma decisão final
sobre o tema, mas que parte do governo defende deixar o corte em 16,7% para não
jogar o custo extra sobre o Tesouro -que já vai bancar uma conta anual de pelo
menos R$ 3,3 bilhões em renúncia fiscal.
A redução na conta se deve em grande parte à
adesão das empresas do grupo Eletrobras, controlado pela União, apesar da
oposição de muitos dos seus acionistas minoritários. A estatal responde por
cerca de 67% da geração de energia.
Do lado tucano, o senador Aécio Neves
(PSDB-MG) voltou a criticar o que classifica de "profunda intervenção do
governo Dilma no setor elétrico" e disse que a responsabilidade dos
governadores de seu partido é manter suas empresas vivas.
O senador, que anteontem foi lançado pela
cúpula do seu partido à sucessão de Dilma, defendeu em discurso que
"outros caminhos" sejam adotados para alcançar a redução prometida,
como o fim do PIS/Cofins na conta de luz.
A recusa das três empresas de São Paulo,
Minas e Paraná em aceitar a renovação das concessões de suas usinas fez com
que, do lado das geradoras, o governo cumprisse apenas 60% da sua meta.
Já do lado das transmissoras, o governo
conseguiu a adesão de todas as nove companhias que possuíam contratos com
vencimento entre 2015 e 2017.
Lógica
"Elas estão causando diretamente o
impacto de não atingir os 20,2%. Não se entende a lógica que levou essas
empresas a não renovar", disse o secretário-executivo do Ministério de
Minas e Energia, Márcio Zimmermann.
Segundo o governo, na conta dos consumidores
residenciais, a redução da tarifa deve ficar na casa dos 14,5%, ante os 16,2%
inicialmente prometidos.
As concessões renovadas ontem valerão por
mais 30 anos. Como contrapartida para renovar os contratos antecipadamente, o
governo exigiu uma redução de até 70% da tarifa a ser cobrada a partir do ano
que vem. O desconto vai constar nas contas de energia a partir de março.
Fonte: Folha de S. Paulo
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