Senador tucano pretende percorrer o País a
fim de tentar montar um programa de governo com "apelo popular"
João Domingos
BRASÍLIA - Lançado na segunda-feira, 3, pelo
ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e pelo presidente do PSDB, Sérgio
Guerra, à disputa pela cadeira de Dilma Rousseff em 2014, o senador mineiro
Aécio Neves já traçou a estratégia de atuação no período que antecederá a
sucessão presidencial.
Em maio do ano que vem, Aécio, que governou
Minas por dois mandatos, deverá ser eleito o novo presidente nacional do PSDB,
substituindo Guerra, deputado federal que é um dos principais entusiastas de
sua candidatura ao Planalto daqui a dois anos.
A partir daí, o senador mineiro pretende
percorrer o País e montar um programa com cinco temas de grande apelo popular:
ética na política, segurança, saúde, educação e desenvolvimento.
Assim como fez no momento em que foi lançado
ao Palácio do Planalto em evento de prefeitos eleitos do PSDB realizado em
Brasília, Aécio afirmou na terça-feira, 4, ao Estado que, em sua opinião, o
trabalho pela candidatura só deverá começar em 2014. "Antes é preciso
organizar o PSDB. É preciso encontrar uma linguagem que possa ser entendida
pela população. É preciso ouvir todos, em todos os locais, para depois montar
um programa de governo. Acho que nesse momento essa é a prioridade",
afirmou.
Ele voltou a usar a frase segundo a qual a
candidatura só será concretizada no "amanhecer de 2014". O lançamento
de segunda, porém, foi combinado previamente entre Aécio, Fernando Henrique e
Sérgio Guerra.
Pesou o fato de o governo federal passar por
mais uma crise envolvendo assessores de Dilma e de seu antecessor, Luiz Inácio
Lula da Silva, com a Operação Porto Seguro da Polícia Federal. O lançamento de
Aécio ocorre ainda num momento pós-condenações do mensalão e de baixo
crescimento econômico.
Aproximação. Para o senador, o PSDB deve
aproveitar o fato de ter oito dos 27 governadores de Estado e de ter eleito 702
prefeitos para percorrer o País numa campanha que volte a aproximar o partido
dos eleitores. Aécio já disse que espera contar com a ajuda de Fernando
Henrique nas andanças. A intenção é fazer do ano que vem uma espécie de
"ano do PSDB", quando o partido deverá reforçar o discurso em favor
de seu legado e deixar claro, para a sociedade, as diferenças que há entre os
tucanos e o PT.
Em uma etapa seguinte, passará a exibir para
a sociedade o candidato que vai disputar a eleição com a presidente Dilma
Rousseff, que tentará a reeleição.
O PSDB pretende dizer que as diferenças entre
os tucanos e o PT se baseiam nos pilares da ética e da eficiência. Nesse
discurso, o partido vai dizer que o PT deu uma nova feição à prática da
corrupção, ao encarar os desvios como "missão partidária", caso
específico do escândalo do mensalão, em que os condenados pelo Supremo Tribunal
Federal (STF) reclamam que não cometeram crimes, pois se encontravam em missão
do partido.
Em relação à eficiência, o PSDB pretende
enumerar uma série de práticas que considera equivocadas e que foram cometidas
nos governos de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff. Entre elas, a falha
na universalização do saneamento, na segurança pública e na saúde, o
enfraquecimento das agências reguladoras e a queda no valor de mercado e da
produção da Petrobrás. Os tucanos acusam o governo do PT de ter reduzido o
valor da Petrobrás em U$ 100 bilhões no mercado.
Na sua intenção de percorrer o País afora com
um discurso para revigorar o PSDB e atacar o PT, Aécio Neves deverá também
dizer que o governo petista privilegiou o aparelhamento das empresas estatais e
agências reguladoras e usou a máquina como nunca para suas pretensões
partidárias. Tanto é que na campanha para as prefeituras, em outubro, do Amapá
ao Rio Grande do Sul, o discurso do governo era de que se o voto não fosse dado
num prefeito da base aliada, não haveria dinheiro para a administração.
Para Aécio, o PSDB deve ainda aprimorar sua
postura como a principal força de oposição do País, levando à população um
projeto alternativo de poder.
A Executiva Nacional do PSDB realizou na
terça uma reunião. Marcou a convenção que vai eleger Aécio Neves para o dia 25
de maio. As convenções estaduais serão realizadas no dia 28 de abril e as
municipais e zonais em 24 de março.
Fonte: O Estado de S. Paulo
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