sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

PT teme que PIB prejudique reeleição

Caio Junqueira

BRASÍLIA - Preocupado com os resultados da economia e seus possíveis efeitos na sucessão presidencial de 2014, o PT começa hoje a preparar uma mobilização em defesa das medidas de incentivo tomadas no governo da presidente Dilma Rousseff e também do legado do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Hoje e amanhã, o diretório nacional do partido reúne-se em Brasília para debater essas questões. Há avaliação de que a economia precisa crescer em 2014 pelo menos 4%, sob pena de o governo Dilma se equiparar nesse aspecto ao do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB). E, assim, abrir espaço para uma sucessão presidencial onde os rumos da economia voltem a ser o principal assunto, como em 2002, quando o PT tirou o PSDB do Palácio do Planalto com a bandeira da mudança. "Estamos interessados nos sinais de 2012 para podermos olhar para 2014", disse o secretário-geral do PT, Elói Pietá.

Nesse sentido, o PT pretende divulgar um documento em defesa das medidas econômicas anunciadas por Dilma no primeiro biênio de seu mandato, desde a redução da taxa de juros com enfrentamento do setor financeiro em 2011 até o pacote dos portos anunciado ontem.

Os petistas de fato apoiam essas medidas, mesmo porque elas refletem o pensamento econômico da legenda, melhor representado pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, que assessorou o PT nesta área desde os anos 80. Acham, porém, que a contribuição partidária deve ser mais intensa nos próximos meses, razão por que planejam uma mobilização maior nos movimentos sociais, uma das principais bases eleitorais da sigla. Citam como exemplo de "erro estratégico" a falta de apoio expresso que o movimento sindical prestou, à redução de juros, antiga bandeira deste segmento. Querem, portanto, divulgar as medidas, explicá-las e pontuar as diferenças delas com o projeto tucano.

Nesse sentido, a polarização com o PSDB sobre a renovação das concessionárias de energia é exemplar. Embora para o governo a posição dos governadores tucanos seja prejudicial, no PT a impressão é de que ela é positiva justamente para pontuar essas diferenças. O partido vai explorar quem esteve a favor e quem esteve contra a redução da tarifa de energia. "Os tucanos mostraram qual a lógica de governo deles. Priorizam acionistas, olham mais para mercado de ações do que para a população", afirmou o secretário de comunicação do PT, deputado André Vargas (PR).

Junto com esse movimento, virá uma defesa forte do legado da era Lula-Dilma, principalmente do ex-presidente, já que estaria em curso, segundo petistas, uma desconstrução de seus feitos primeiro com o julgamento do mensalão e agora com o caso Rosemary. Por essa razão, em fevereiro, quando o partido comemora 33 anos, estão sendo preparados atos também em comemoração dos dez anos da chegada do PT ao poder central. "Há uma tentativa de desconstrução do PT e seu legado. 2013 será o ano do PT. Vamos sair em defesa do PT, do governo Dilma e do legado do governo Lula no sentido de questionar o que seria do Brasil sem o PT", disse o vice-presidente da sigla, deputado José Guimarães (CE), que está prestes a assumir a liderança da bancada na Câmara. O PT também começa a discutir hoje a organização das eleições internas de novembro e do quinto Congresso, em fevereiro de 2014. Quer ainda levar adiante a defesa da reforma política e das mudanças na legislação dos veículos de comunicação.

Fonte: Valor Econômico

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