Jailton de Carvalho, Carolina Brígido
BRASÍLIA - O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa,
decidiu que levará a votação em plenário o pedido do procurador-geral da
República, Roberto Gurgel, de prisão imediata dos condenados do mensalão. Se
quisesse, Barbosa poderia deliberar sozinho sobre o assunto. Mas ele prefere
dividir a responsabilidade com os demais ministros.
Joaquim entende também que os réus só devem ser levados à prisão depois de
esgotadas todas as possibilidades de recurso. Isso pode acontecer bem depois da
publicação do acórdão do julgamento. Os advogados dos réus já avisaram que vão
recorrer de algumas decisões em busca de redução ou até anulação de penas.
Para Gurgel, se a prisão dos condenados não ocorrer após a proclamação do
resultado do julgamento, as penas de reclusão só começarão a ser cumpridas a
partir de 2014.
Ontem, o revisor do processo do mensalão, ministro Ricardo Lewandowski,
sugeriu a adoção de um novo critério para a fixação das multas impostas aos
condenados. Na prática, todas as multas seriam mais baixas que as determinadas
antes pelo plenário do STF.
Kátia Rabello, dona do Banco Rural, teria pena pecuniária reduzida de R$ 1,5
milhão para R$ 600 mil; o deputado Valdemar Costa Neto (PP-SP), de R$ 1,08
milhão para R$ 396 mil; Roberto Jefferson, de R$ 304,8 mil para 115,2 mil.
O método adotado por Lewandowski consiste em tornar as penas pecuniárias
proporcionais às penas de prisão. Por exemplo: se um réu foi condenado à pena
mínima, a multa equivalente também terá de ser a mínima.
Segundo o Código Penal, a multa pode ser arbitrada entre 10 e 360
dias-multa. O valor de cada dia-multa deve ser determinado pelo juiz. O revisor
sugeriu que a regra seja dez salários mínimos para cada dia-multa. O valor
aumenta para 15 salários mínimos para a diretoria do Banco Rural e desce para
cinco salários mínimos para condenados com situação financeira desfavorável.
O ministro Marco Aurélio Mello foi o único a concordar integralmente com a
proposta. Cármen Lúcia, Dias Toffoli e Rosa Weber renderam-se à posição do revisor
apenas nos casos em que tinham concordado com as multas impostas por ele antes.
A votação do tema será retomada segunda-feira.
Pela conta de Lewandowski, a multa imposta a Delúbio Soares cairia de R$ 325
mil para R$ 137,8 mil. O ex-gerente de Marketing do BB Henrique Pizzolato teria
multa diminuída de R$ 304,8 mil para R$ 115,2 mil.
Quando Lewandowski começou a sugerir o reajuste das multas, Joaquim Barbosa
perdeu a paciência. Disse que, se fossem citadas todas as multas de todos os
réus, o julgamento terminaria só em fevereiro.
- Parece exagerado que, no final do julgamento, o tribunal venha se debruçar
sobre operações matemáticas - protestou Joaquim, irritado com a demora do voto
do revisor. - Gostaria que Vossa Excelência fosse bem breve. A nação não
aguenta mais, está na hora de acabar esse julgamento. Como dizem os ingleses,
"let"s move on". Não é? - alertou.
Marco Aurélio respondeu à provocação do presidente:
- Não estamos correndo contra o relógio. Não pode haver pressa nessa fase
importantíssima.
Fonte: O Globo
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